Com 96% de urnas apuradas na África do Sul nesta sexta (10) à tarde, o partido Congresso Nacional Africano (CNA), de Nelson Mandela, está previsto para sair vencedor das eleições parlamentares no país e manter a maioria dos assentos.
Mas, apesar do resultado, esta é a pior performance da sigla desde que chegou ao poder, nas primeiras eleições democráticas, em 1994 - o pleito marcou o fim do apartheid.
O CNA, do atual presidente Cyril Ramaphosa, obteve 9,1 milhões de votos (57,7%), o que matematicamente garante à legenda a maioria absoluta dos lugares do Parlamento. Em comparação com as eleições legislativas de 2014, o partido perdeu 4,5 pontos percentuais.
Cyril Ramaphosa, no poder desde fevereiro de 2018, deve ser empossado em 25 de maio.
Autoridades do partido reconheceram a queda, mas disseram que os resultados ainda são fortes o suficiente. "As pessoas mostraram que estão dispostas a perdoar o CNA", disse Ronald Lamola, membro do partido. "Estamos olhando para um mandato claro para nossas políticas."
Eleitores desanimados
Muitos dos que votaram na quarta-feira (8) por um novo parlamento e nove legislaturas provinciais afirmaram estarem frustrados com a corrupção desenfreada, o alto desemprego e as desigualdades raciais que persistem uma geração após o fim do governo da minoria branca. A economia mais avançada do continente africano continua sendo uma das sociedades mais desiguais do mundo, de acordo com o Banco Mundial.
A Aliança Democrática mantém sua posição como o principal partido da oposição, com 20,65% dos votos, seguida pela sigla de esquerda Lutadores da Liberdade Econômica, com 10,5%. Os dados são do site do comitê eleitoral sul-africano.
Analistas disseram que os resultados podem encorajar os oponentes de Ramaphosa e apresentar um potencial desafio para sua liderança.
O CNA será eleito com o suporte de 27% da população apta a votar, ante 47% em 1999, segundo Peter Attard Montalto, diretor de pesquisa de mercado de capitais da Intellidex. "Esse tipo de dinâmica não é um mandato nem um ímpeto para a mudança."
As eleições foram realizadas sem incidentes e coincidiram com o 25º aniversário do fim do regime racista do apartheid.