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O governo do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou medidas mais rígidas, nesta segunda-feira (4), para controlar a chegada de novos imigrantes no país, em meio a uma grave crise migratória que atingiu níveis recordes no ano passado, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês), divulgados em novembro.
De acordo com o ministro do Interior do Reino Unido, James Cleverly, as novas ações do governo buscam reduzir o número de 745 mil pessoas que chegaram somente no ano passado ao país em 300 mil. "A imigração é demasiadamente elevada. Hoje estamos anunciando medidas radicais para reduzir esse saldo migratório", afirmou, em referência a imigrantes legais e ilegais.
Segundo Cleverly, os estrangeiros que chegam ao país para trabalhar como prestadores de serviços na área da saúde serão impedidos de migrar com familiares, visto que é uma prática comum que a pessoa vá ao Reino Unido em busca de emprego junto a membros da família.
Além disso, o governo projeta um aumento aproximado de um terço do salário mínimo para trabalhadores estrangeiros qualificados conseguirem tirar o documento, passando para 38.700 libras anuais (R$ 242 mil, na cotação atual). O salário atual requisitado para a aprovação do visto é de 26.200 libras (R$ 163 mil).
O Reino Unido também anunciou a extinção de um programa federal que elimina em 20% o desconto salarial de ocupações em escassez no país; a revisão da lista de ocupações com escassez de profissionais; e o aumento de uma sobretaxa que os migrantes têm de pagar para utilizar o serviço de saúde em 66%.
De acordo com a agência Reuters, as iniciativas políticas podem provocar atritos com proprietários de empresas britânicas, que sofrem com a falta de profissionais nos últimos anos, desde a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2020, que deu fim à livre circulação de pessoas do bloco e restringiu a chegada de profissionais da região ao país. Atualmente, os imigrantes têm chegado principalmente da Índia, Nigéria e China.
As medidas foram anunciadas em meio à forte pressão do Partido Conservador britânico, do qual Sunak é o líder, por um maior controle migratório. Após a divulgação dos novos dados, os aliados do premiê afirmaram que “tal situação é insustentável tanto econômica quanto socialmente” e cobraram do governo ações mais duras. Sunak busca a reeleição no próximo ano no cargo de primeiro-ministro.