O Ministério das Relações Exteriores da França informou que o embaixador do país no Níger, Sylvain Itté, desembarcou em Paris nesta quarta-feira (27), o que representa um passo decisivo para o fim do conceito “França-África”, conforme o próprio presidente Emmanuel Macron havia anunciado no fim de semana.
No final de agosto, a junta militar do Níger, que assumiu o governo por meio de um golpe de Estado em 26 de julho, já havia expulsado Itté, mas Paris se recusou a cumprir a ordem por entender que o verdadeiro chefe de Estado do país africano é o presidente Mohamed Bazoum, deposto pelos golpistas.
Desde a deposição de Bazoum, os militares do Níger, que foi uma colônia francesa até 1960, fizeram várias acusações contra o governo de Macron. Entre elas, de planejar uma intervenção militar no Níger, de ter violado o espaço aéreo nigerino e de ter libertado “terroristas”, acusações refutadas por Paris.
Devido à posição francesa pela volta de Bazoum, manifestantes que apoiam os militares depredaram a embaixada do país europeu na capital Niamey quatro dias após o golpe.
Antes do retorno de Itté nesta quarta-feira, Macron havia anunciado no domingo (24) “uma saída ordenada até o final do ano” do contingente militar francês no Níger, estimado em cerca de 1,5 mil soldados, devido ao golpe.
Em uma entrevista concedida à emissoras TF1 e France 2, Macron declarou que a França estará “sempre disponível” para ajudar a África na luta contra o terrorismo jihadista, desde que seja a pedido de governos democraticamente eleitos ou de organizações regionais.
“Acabou a França-África [conceito geopolítico que refletia a influência de Paris sobre suas ex-colônias africanas]. Quando há golpes de Estado, não intervimos”, afirmou.
Desde 2022, o Níger abriga boa parte das tropas restantes da operação antijihadista francesa Barkhane, que tinham sido transferidas do Mali, onde uma junta militar no poder aliada à Rússia rechaçou categoricamente a presença francesa em seu território.
“Estivemos lá porque o Níger pediu a nós, Burkina Faso e Mali, para os ajudarmos a combater o terrorismo nos seus territórios. Hoje, esses países foram vítimas de golpes de Estado”, disse Macron. (Com Agência EFE)