Santiago Peña, do conservador Partido Colorado, sofre o desgaste das acusações contra seu padrinho político, mas seu principal adversário, Efraín Alegre, também foi denunciado por corrupção| Foto: EFE/Rubén Peña
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As eleições presidenciais no Paraguai serão realizadas no próximo dia 30 e, na reta final da campanha, o resultado é imprevisível.

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Os dois candidatos que lideram as pesquisas são Santiago Peña, do conservador Partido Colorado (legenda do atual presidente, Mario Abdo Benítez), e Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico, que encabeça uma coalizão que vai da centro-esquerda à centro-direita.

Historicamente pouco confiáveis, as pesquisas eleitorais mais recentes no Paraguai mostram resultados díspares, conforme o instituto.

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Nos levantamentos liderados por Peña, há casos em que a vantagem do candidato oficialista é de mais de 20 pontos percentuais, como os dos institutos Grau e Multitarget, enquanto nas pesquisas em que Alegre leva vantagem a maior folga que ele ostentou foi de cinco pontos, num levantamento do instituto Datos.

Dois assuntos recorrentes na campanha têm sido as negociações com o Brasil da renovação do chamado Anexo C do tratado da hidrelétrica de Itaipu, que deve ser revisto até agosto, e a possibilidade de o Paraguai, um dos 13 países que mantêm relações diplomáticas com Taiwan, romper com Taipei – mudança prometida por Alegre, mas negada por Peña.

Entretanto, o tema que tem dominado as últimas semanas tem sido a corrupção. Peña foi ministro da Fazenda entre 2015 e 2017, no governo de Horácio Cartes, que é seu padrinho político – a ponto de ter imposto seu nome nas prévias do Partido Colorado, no ano passado.

Porém, Cartes caiu em desgraça ao ser acusado pelos Estados Unidos de contrabando de cigarros, lavagem de dinheiro e financiamento a grupos considerados terroristas pela Casa Branca, como o Hezbollah. O ex-presidente teve seu nome incluído na lista de pessoas que não podem entrar nos Estados Unidos ou fazer negócios com as empresas da maior economia do mundo.

O atual vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, também sofreu sanções dos Estados Unidos por acusações de corrupção.

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Para especialistas, os escândalos envolvendo grandes nomes do Partido Colorado ameaçam a hegemonia política da legenda, que desde 1948 só deixou de ocupar a presidência paraguaia durante os governos de Fernando Lugo (2008-2012) e Federico Franco (2012-2013).

Em entrevista ao El País, a historiadora Milda Rivarola afirmou que o cenário eleitoral “mudou drasticamente” devido às acusações contra Cartes e que este fator e a falta de pesquisas confiáveis fazem com que as lideranças coloradas apresentem o maior “receio” antes de uma eleição presidencial desde 2008, quando o esquerdista Lugo venceu.

“Para eles, foi um imprevisto, o Partido Colorado nunca pensou que o governo dos Estados Unidos iria tão longe. Cartes tem uma espada de Dâmocles sobre o pescoço. Ele pode ser extraditado a qualquer momento”, argumentou Rivarola.

“Agora ele é uma pessoa com medo e eles [Estados Unidos] o atingiram no centro do seu poder político, que é o dinheiro. Há lideranças coloradas que já falam do risco que Cartes representa para os resultados [eleitorais]”, acrescentou.

Porém, o Partido Colorado tenta contra-atacar nessa frente: na semana passada, um senador da legenda, Mario Martín Arévalo, apresentou à Procuradoria Geral paraguaia uma denúncia pelo suposto desvio de cerca de US$ 37 milhões durante a gestão de Efraín Alegre à frente do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, entre 2008 e 2011.

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Em meio a esse tiroteio político, resta saber quem conseguirá convencer mais eleitores paraguaios de que o outro lado é mais corrupto.

Em entrevista ao site argentino Infobae, o consultor político Luis Toty Medina argumentou que o foco sobre a corrupção pode até beneficiar Peña, porque, como postulante do partido que governa o Paraguai quase sem interrupções há mais de 70 anos, a insatisfação a respeito dos problemas do país pode recair sobre sua candidatura.

Entretanto, um debate centrado na corrupção tende a desgastar os dois lados na disputa. “Tudo de bom e de ruim [no Paraguai] é devido ao Partido Colorado”, explicou Medina. “Mas quando a discussão se centra na corrupção, o partido distribui o seu fardo, e a população o assume como parte do panorama político nacional”, justificou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]