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O naufrágio, segundo a Marinha, ocorreu, provavelmente, pela compressão sofrida pelo acúmulo de gelo ao redor da embarcação | Marinha do Chile/Divulgação
O naufrágio, segundo a Marinha, ocorreu, provavelmente, pela compressão sofrida pelo acúmulo de gelo ao redor da embarcação| Foto: Marinha do Chile/Divulgação

Em nota divulgada na noite deste sábado (7), o Comando da Marinha informou que uma embarcação de bandeira brasileira, batizada Mar sem Fim, naufragou na Antártica à tarde. O naufrágio, segundo a Marinha, ocorreu, provavelmente, pela compressão sofrida pelo acúmulo de gelo ao redor da embarcação. "Antes do naufrágio, os quatro tripulantes da embarcação haviam sido evacuados para a Base Chilena, em virtude das condições climáticas adversas reinantes na área, que não permitiam a permanência segura do pessoal na embarcação", informou a nota da Marinha.

Eles foram resgatados por três chilenos e conseguiram sair do local em um bote. O barco brasileiro é de propriedade de João Lara Mesquita, jornalista e ex-diretor da Rádio Eldorado. O naufrágio ocorreu na Baía Maxwel, Enseada Ardley, em frente à Base Chilena Presidente Eduardo Frei Montalva, na Antártida.

A tripulação mantém um blog e estava fazendo um documentário. Pelo Twitter, o irmão Rodrigo Lara Mesquita informou que João está bem. No começo da tarde deste domingo, ele escreveu que o navegador estava em Punta Arenas, no Chile, e voltaria ao Brasil. Rodrigo atribuiu o naufrágio a uma "sucessão de acasos perversos".

O governo brasileiro tomou conhecimento do ocorrido por comunicação do Capitão dos Portos da Bahía Fieldes, da Marinha Chilena. "Estão sendo tomadas as medidas possíveis e necessárias, com o apoio da Base Chilena, para mitigar eventuais danos ambientais que possam ser causados pelo naufrágio", informou a nota da Marinha.

Leia o relato escrito pelo jornalista João Lara Mesquita do momento do resgate. Ele ainda tinha esperança pela integridade do Mar sem Fim:

"5/4/12 –8 horas da manhã. Consegui dormir duas horas esta noite num alojamento da base Frei (base chilena) junto com meus três companheiros. Os chilenos são sensacionais. Nos tratam como velhos amigos. Mais uma prova da inacreditável solidariedade antártica de que já falei. Retomo agora o relato de ontem. (...) Nosso desembarque foi uma epopeia. Ondas de mais de um metro e meio e vento com mais de 40 nós faziam com que o bote saltasse para um lado e outro, como um cavalo xucro num rodeio. Quando ele conseguia chegar bem próximo cada um de nós, a seu tempo, se jogava nos braços dos três tripulantes chilenos (havia mais um no comando). Felizmente todos entraram em segurança. Em seguida, mesmo com o bote cheio d’água (as ondas entravam pela popa e saiam pela proa), conseguiram nos trazer em segurança até a praia. No conforto do interior da base o comandante Eduardo nos contou que há dois dias eles esperavam nosso naufrágio nas pedras para qualquer momento. Dormiram com as roupas secas ao lado da cama, enquanto um deles vigiava nossas manobras, esperando não perder tempo quando o desastre se consumasse. Ficaram espantados com nossa perícia e nos parabenizaram pelas manobras. O Mar Sem Fim agora luta sozinho. Meu barquinho caturra (balanço no sentido longitudinal) subindo e descendo as ondas, mas por enquanto está firme no mesmo lugar. Hoje, dia 5/4, a temperatura desceu para menos 9 graus centígrados. O furacão deve entrar esta noite ou madrugada. São esperados 80 nós de vento (cerca de 150 quilômetros por hora). A temperatura deve cair para menos 14ºC. Nunca torci tanto para uma previsão estar errada. Este será o dia decisivo para o Mar Sem Fim."

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