Rua na periferia de Damasco. Violência chega à capital síria e transforma bairros em cenário de guerra| Foto: Shaam News Network/Reuters

Pressão

Conselho de Segurança da ONU vota amanhã resolução das potências

Folhapress

O Conselho de Segurança da ONU votará amanhã uma resolução das potências ocidentais que ameaça impor sanções às autoridades sírias caso o regime do ditador Bashar Assad não retire as armas pesadas das cidades.

A Rússia, país com poder de veto no órgão e aliada síria, já afirmou que vetará qualquer proposta de sanções.

A resolução, proposta por Reino Unido, EUA, França e Alemanha, estenderia a atual missão de observadores não armados da ONU por 45 dias (ela expira no próxima dia 20). Coloca ainda o atual plano de paz do enviado especial Kofi Annan sob o capítulo 2 da Carta da ONU, que permite ao Conselho de Segurança autorizar ações que vão de sanções econômicas e diplomáticas à intervenção militar.

"Rússia e China ainda expressam objeção ao Capítulo 7, mas quando questionadas, não foram capazes de trazer nenhum argumento convincente do porquê", disse o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, depois de mais uma rodada de negociação entre os países.

"Obviamente, nós estamos felizes em ter mais negociações. Nós marcamos uma votação para a tarde de quarta-feira", disse.

A resolução estabelece que a Síria vai ser submetida a sanções se não retirar suas tropas e armas pesadas das principais cidades em até dez dias a partir da adoção do texto.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse ontem que a Rússia vai bloquear a resolução, justamente pela ameaça de sanções.

Rússia e China, ambas aliadas da Síria, vetaram todas as resoluções do Conselho que visavam a pressionar Assad. A Rússia apresentou ainda sua própria resolução que estende a missão em 90 dias, mas sem a ameaça de sanções.

A revolta síria já deixou mais de 10 mil mortos, segundo a ONU. O Ocidente está sob pressão cada vez maior para conter a repressão protagonizada pelas tropas sírias, mas não consegue vencer a resistência russa e chinesa.

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Pela primeira vez desde o início da revolta contra o regime sírio, há 16 meses, combates intensos têm ocorrido no centro da capital, Damasco, com batalhas de rua e artilharia pesada do Exército.

"Damasco está sitiada, há barreiras militares por toda a parte e ouvimos tiros e explosões o dia inteiro", disse, por telefone, da periferia da capital, a ativista da oposição Susan Ahmad.

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Enquanto forças sírias e rebeldes se enfrentavam em Damasco pelo segundo dia seguido, ontem, numa escalada da guerra civil, a Rússia voltou a falar grosso, rejeitando sanções contra o regime do ditador Bashar Assad.

Os combates em Damasco acrescidos das recentes deserções de altos membros do regime levaram alguns opositores a acreditar que a ditadura síria está perto do colapso. Mas, para a Rússia, Assad tem o controle do país e apoio para se manter no poder.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, chamou de "chantagem" a pressão de potências ocidentais para que Moscou aceite resolução na ONU com sanções ao regime sírio.

Para Lavrov, Assad não será forçado a deixar o poder. Não pela proteção da Rússia, mas por ainda ter forte apoio dentro da Síria.

"Dizem-nos que deveríamos persuadir Assad a deixar o poder por vontade própria. Isso simplesmente não é realista", disse Lavrov.

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EUA

Em visita a Jerusalém, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que é crítica à blindagem russa a Bashar Assad, disse que "o tempo está se esgotando" para o ditador.

Hillary foi cautelosa ao falar na possibilidade de uma intervenção, lembrando os riscos de que ela piore a situação. Mas não mostrou dúvidas sobre qual será o desfecho da crise.

"O regime sírio não sobreviverá. Só espero que [seu fim] ocorra o quanto antes", disse ela à rede de televisão CNN.