Pesados combates entre unidades rivais do exército abalaram a capital do Iêmen nesta sexta-feira (25) e deixaram pelo menos dois soldados mortos, sinalizando que começou uma luta interna pelo poder alguns dias após o autocrata presidente Ali Abdullah Saleh concordar em acabar com seu governo de 33 anos.
As lutas envolveram o comandante das forças da Segurança Central comandadas pelo sobrinho de Saleh, o coronel Yehia Saleh, e as tropas da primeira divisão, lideradas pelo general Ali Mohsen al-Ahmar, que desertou e se juntou à oposição em março. O barulho das metralhadoras e armas automáticas foi escutado ao redor de Sanaa nesta sexta-feira.
As unidades já se enfrentaram antes em combates, mas foi a primeira vez que isso aconteceu desde que Saleh assinou um acordo nesta semana na Arábia Saudita para transferir o poder.
Promessa
Com o acordo, Saleh prometeu passar o poder para o vice-presidente Abed Rabbo Mansur Hadi em 30 dias, após um novo governo tomar posse e aprovar uma lei que dará imunidade a Saleh sua família e seus associados. Se o acordo for mantido, Saleh será o quarto ditador a ser derrubado neste ano pelas revoluções que abalam o mundo árabe. Mas o acordo não proíbe Saleh de voltar ao Iêmen e ele não será exilado como o ex-governante autoritário da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali.
A Anistia Internacional, grupo de defesa dos direitos humanos, criticou a cláusula do acordo que deu imunidade a Saleh, ao dizer que ela "representa mais um golpe nas vítimas das violações dos direitos humanos". "A imunidade leva à impunidade. Ela nega a justiça e priva as vítimas da verdade e de uma reparação verdadeira", disse a Anistia, com sede em Londres.
As informações são da Associated Press.
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