Fukushima - A operadora da usina nuclear de Fukushima Daiichi começou ontem a operação para bombear a água altamente radioativa do prédio de turbinas do reator 2 para um armazém improvisado, um passo crucial para conter a crise nuclear. A retirada da água, realizada por funcionários Tokyo Electric Power Co. (Tepco), faz parte dos esforços para restaurar o sistema automático de resfriamento do reator 2, um dos mais danificados pelo terremoto e tsunami de 11 de março. A retirada da água é necessária para que o acesso ao local seja liberado.
Os trabalhadores terão de retirar 25 mil toneladas de água radioativa de dentro e dos arredores do prédio, que emana um nível altíssimo de radioatividade, excedendo os mil milisieverts por hora. O total de água acumulada no local, segundo a agência de notícias Kyodo, é estimada em cerca de 57 mil toneladas.
As piscinas de água radiativa são uma consequência da estratégia adotada nas últimas semanas de injetar água do mar para esfriar os reatores e impedir o superaquecimento do combustível nuclear.
A água será removida em etapas e a primeira delas, que teve início ontem, deve demorar ao menos 20 dias, disse Hidehiko Nishiyama, da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão. O processo completo pode demorar meses. A Tepco deve retirar a água e levá-la para um prédio de armazenamento que ficou inundado durante o tsunami. A água da inundação, com leve radioatividade, foi lançada no oceano para criar espaço para água com maior contaminação.
A empresa pretende usar tecnologia desenvolvida pela francesa Areva para reduzir a radioatividade da água e remover o sal, permitindo que ela seja usada posteriormente para reduzir a temperatura dos reatores. Este processo, contudo, deve levar "vários meses", segundo Hidehiko.
Uma vez que a água contaminada for removida com segurança e os níveis de radioatividade diminuírem, os trabalhadores podem começar a reparar os sistemas de resfriamento dos reatores das unidades 1, 2 e 3, que estavam em operação no momento do tsunami.
Os trabalhadores devem também restaurar as funções de resfriamento das seis piscinas de combustível usado. Quando o tsunami atingiu a usina, as unidades 5 e 6 estavam passando por uma inspeção. Em 20 de março, eles foram colocados em desligamento frio, que é quando o núcleo de um reator fica estável a temperaturas inferiores a 100ºC.