O julgamento de Hubert Zafke, ex-médico da SS [o esquadrão de proteção do regime nazista] que serviu no campo de concentração de Auschwitz, começou nesta segunda-feira (12) em meio a questionamentos sobre a saúde do idoso de 95 anos. Inicialmente agendado para fevereiro deste ano, o julgamento chegou a ser adiado três vezes após o juiz Klaus Kabisch decidir que Zafke não estava saudável o suficiente para participar das sessões.
De acordo com o médico de Zafke, o réu sofre de estresse, pressão alta e tem tendências suicidas. Zafke passou por novo exame na última quinta-feira e Kabisch decidiu prosseguir com a sessão. De acordo com a agência DPA News, Zafke entrou no tribunal empurrado em uma cadeira de rodas, segurando uma bengala de madeira, e não fez comentários enquanto eram lidas as acusações contra ele.
O ex-médico é acusado de ter ajudado os nazistas a assassinar 3.681 pessoas no campo de concentração de Auschwitz.
As acusações correspondem ao período de um mês no ano de 1944 e envolvem a morte de judeus que chegaram em 14 trens, entre eles o que transportava a adolescente Anne Frank, cujos documentos nos quais relatava suas experiências durante o Holocausto ganharam destaque no século 20. Zafke, porém, não é acusado de matar Anne Frank, pois ela morreu em Bergen-Belsen.
Segundo os promotores, a unidade de Zafke estava envolvida nas mortes pelas câmaras de gás, por colher amostras de sangue e outros fluidos de prisioneiras mulheres hospitalizadas e por ajudar na manutenção do campo ao tratar membros da guarda da SS. O advogado de Zafke insiste que seu cliente era apenas um médico que não cometeu nenhum crime em Auschwitz.