Autoridades eleitorais palestinas recomendaram nesta quinta-feira que as eleições presidenciais, marcadas para janeiro, sejam adiadas, o que abriria caminho para que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, permaneça no poder sem precisar recuar de sua ameaça de não concorrer à reeleição.
Ao justificar o parecer, Hanna Nasser, presidente da Comissão Eleitoral Palestina, atribuiu a culpa pela situação ao grupo islâmico Hamas. Segundo ele, o Hamas recusa-se a colaborar com os agentes eleitorais, impossibilitando a realização do pleito em 24 de janeiro.
"Planejávamos ir a Gaza para determinar como poderíamos realizar eleições lá", disse Nasser. "Nesse ínterim, recebemos do Hamas a resposta de que não somos bem-vindos em Gaza. Está claro agora que não podemos promover uma eleição em Gaza."
Os palestinos estão divididos entre o Hamas e a facção laica Fatah desde 2007, quando o grupo islâmico assumiu o controle total de Gaza. O Fatah ficou com o controle da Cisjordânia.
Abbas marcou a data da eleição no mês passado depois do fracasso da mais recente rodada de negociações reconciliatórias entre o Hamas e o Fatah. O Hamas já afirmou em diversas ocasiões que não colaborará com o pleito.
A recomendação da Comissão Eleitoral ainda depende da aprovação de Abbas. Caso aceite o adiamento, no entanto, ele provavelmente ficará no poder por tempo indeterminado.
Há uma semana, Abbas disse aos palestinos que não deseja concorrer por mais um mandato, mas vários dos seus partidários acreditam que ele busca, com a manobra, obter apoio para suas políticas. A recomendação da comissão eleitoral parece reforçar a visão de que Abbas realmente não quer renunciar.
Abbas estava hoje na Jordânia e não fez comentários sobre a recomendação da comissão eleitoral.
"O presidente tomará a decisão apropriada após sua volta da Jordânia", disse o porta-voz Nabil Abu Rdeneh. "A decisão do Hamas, de banir a comissão eleitoral da Faixa de Gaza, prova que o grupo não está pronto para se juntar à unidade nacional e à reconciliação", disse Rdeneh.
A rivalidade com o Hamas é apenas um dos vários problemas de Abbas. Quando sugeriu na semana passada que não concorreria à reeleição, o presidente da ANP deu como motivo sua frustração com a falta de progresso no processo de paz com Israel. Desde então, Abbas tem sofrido uma pressão grande da comunidade internacional e de Israel para reconsiderar sua decisão.
Os palestinos se recusam a retomar o processo de paz com Israel a menos que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, congele as construções nos assentamentos judaicos na Cisjordânia
Mesmo se Abbas permanecer no cargo, funcionários do Fatah disseram que ele não abrirá negociações com Netanyahu, apesar da pressão internacional para que o faça.
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