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O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, cobrou nesta sexta-feira (13) que sejam investigadas as mortes na repressão aos protestos pós-eleição na Venezuela e que o regime do ditador Nicolás Maduro liberte todos os presos políticos do país.
Türk fez os comentários em sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, na Suíça. Segundo informações do site Efecto Cocuyo, o comissário citou os ativistas Rocío San Miguel e Javier Tarazona como exemplos de presos políticos que devem ser libertados e disse que estão em andamento conversas com o chavismo para que esse objetivo seja alcançado.
“Preocupa-me que muitos dos detidos tenham sido presos arbitrariamente, incluindo adolescentes e jovens, membros da oposição, defensores dos direitos humanos, jornalistas, advogados”, lamentou Türk, em referência aos protestos iniciados em 29 de julho, um dia após a eleição presidencial fraudada pelo chavismo para que Maduro permanecesse no poder.
“Exorto as autoridades a cumprirem as suas obrigações para garantir que as condições de detenção cumpram as leis internacionais. Elas devem fornecer alimentação, água e cuidados médicos adequados aos detidos, muitos deles presos em celas superlotadas e com necessidade urgente de cuidados de saúde”, disse o comissário.
Sobre a repressão das forças de segurança chavistas, Türk denunciou “o uso desproporcional da força e da violência durante os protestos pós-eleitorais, inclusive por parte de indivíduos armados que simpatizam com o governo”, e pediu uma extensa investigação sobre as mortes e feridos na resposta a essas manifestações.
Ele comemorou a reativação do escritório do comissariado de direitos humanos em Caracas, que havia sido fechado em fevereiro depois que o regime chavista alegou que o trabalho dos funcionários da ONU havia sido “instrumentalizado” contra o governo da Venezuela.
“É essencial que possamos ajudar as organizações civis no terreno”, disse Türk. O comissário acrescentou que pediu ao regime de Maduro que revogue recentes leis que visam reprimir ainda mais a sociedade civil venezuelana, como uma sobre atuação de ONGs. “Acreditamos que estas leis são negativas para o espaço cívico venezuelano”, justificou.
No início deste mês, o Comitê de Direitos Humanos da ONU anunciou a abertura de uma investigação formal sobre a fraude eleitoral de julho na Venezuela.