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Comitê do Senado aprova indicação de Brett Kavanaugh à Suprema Corte

Brett Kavanaugh foi indicado por Donald Trump para a Suprema Corte americana | Matt McClain/ Washington Post
Brett Kavanaugh foi indicado por Donald Trump para a Suprema Corte americana (Foto: Matt McClain/ Washington Post)

Por 11 votos a 10, o Comitê do Judiciário do Senado americano aprovou nesta sexta-feira (28) a indicação de Brett Kavanaugh para a Suprema Corte. Mas a votação final sobre a nomeação, no plenário do Senado, foi adiada para que as acusações de abuso sexual que pesam contra o juiz sejam investigadas pelo FBI. 

Originalmente, seriam realizadas na terça (2). Ele precisa receber ao menos 50 votos (a casa tem 51 republicanos, o que conta a seu favor). A audiência para formalizar a continuidade do processo está prevista para este sábado (29). 

A proposta de investigação pelo FBI precisava ser aprovada pelo presidente Donald Trump, que acatou o pedido dos senadores. "Como o Senado solicitou, essa atualização [sobre o caso] deve ser limitada no escopo e concluída em menos de uma semana", afirmou, em comunicado divulgado pela sua secretária de imprensa, Sarah Sanders.

Depoimentos

Na quinta, a comissão ouviu depoimentos de Christine Blasey Ford, que acusa o juiz de tê-la atacado sexualmente na década de 1980, e do próprio magistrado. 

Foi uma sessão tumultuada. Pouco após o presidente da comissão, Chuck Grassley, abrir a sessão, o senador democrata Richard Blumenthal pediu para que o processo fosse adiado para que Mark Judge, que estaria presente no quarto onde o ataque sexual ocorreu, fosse ouvido. 

Grassley, então, leu uma carta escrita por Judge, na qual diz que não se lembra dos eventos descritos pela vítima e que nunca viu Kavanaugh ter comportamentos como os relatados pela professora. 

Houve uma votação para saber se a testemunha deveria ser intimada a depor. Por 11 votos a 10, os republicanos conseguiram impedir que a demanda fosse adiante. 

Dando continuidade à sessão, Grassley afirmou que achou o depoimento de Ford verossímil, mas o de Kavanaugh, também. "Simplesmente não há razão para negar a Kavanaugh um lugar na Suprema Corte", disse, acrescentando que três testemunhas refutaram a versão da professora. 

Críticas

Integrante mais antiga do comitê, a senadora democrata Dianne Feinstein acusou Kavanaugh de ter usado "tanta retórica política" quanto seus colegas republicanos e sido "agressivo e beligerante". Segundo ela, ele não mostrou um "temperamento imparcial" que seria esperado de um juiz. 

Uma parte dos senadores democratas decidiu sair da sessão e falar com a imprensa do lado de fora. A senadora Kamala Harris escreveu em uma rede social que a audiência era uma "farsa" e que "a Dra. Ford e o povo americano merecem melhor". 

No fim da manhã, o senador Cory Brooker também se retirou da sala, dizendo que não poderia participar do que entraria para a história como "um momento sombrio." 

Defesa de Kavanaugh

Os discursos dos senadores republicanos se concentraram na defesa de Kavanaugh, em críticas a democratas e na continuidade de seu processo de nomeação. Já os democratas defenderam Ford e criticaram o fato de o FBI não ter investigado as suas alegações. 

O republicano Jeff Flake, que também não estava com posição definida, disse na manhã que votaria pela confirmação do juiz —e foi confrontado por duas mulheres no elevador enquanto seguia para a audiência. 

Uma das mulheres disse que havia sido atacada sexualmente e que a mensagem que ele passa para as mulheres do país é de que elas "não importam". Ele manteve uma postura cabisbaixa e se limitou a dizer "sinto muito". 

Três acusações

Três mulheres já acusaram Kavanaugh de algum tipo de delito sexual, o que tem levado a um atraso no processo de nomeação para a Suprema Corte. Ele é o segundo nome indicado por Trump para o órgão --o primeiro foi Neil Gorsuch, conservador moderado

Um grupo de manifestantes contra Kavanaugh, que gritavam "nós acreditamos na Christine", foi detido no Senado. Durante as audiências da quinta (27), cerca de 60 pessoas foram presas enquanto bloqueavam uma rua em Washington. 

Em Nova York, um grupo de 30 pessoas também protestou contra o juiz Brett Kavanaugh em frente ao número 780 da terceira avenida. No prédio estão localizados os escritórios dos senadores Charles Schumer e Kirsten Gillibrand, ambos democratas que se opõe à indicação. 

Eles seguravam cartazes com frases de apoio às supostas vítimas de abuso sexual cometido pelo magistrado e pediam que a audiência de confirmação fosse adiada até que uma investigação do FBI (polícia federal americana) sobre os episódios fosse concluída. 

As perspectivas para a nomeação

Com a nomeação de Kavanaugh indo para o plenário, as perspectivas permanecem obscuras no Senado.  Lá, onde os republicanos têm uma maioria de 51 a 49, Kavanaugh só pode se dar ao luxo de perder o apoio de um senador republicano se todos os democratas votarem contra ele e o vice-presidente Pence der o voto de minerva.

Caso o juiz seja finalmente aprovado, o equilíbrio da corte será alterado. Ela passará a ter quatro progressistas e cinco conservadores. Se a nomeação for rejeitada, e os democratas consigam maioria em ao menos uma das casas do Congresso nas eleições legislativas de novembro, o processo pode se estender para até depois de 1º de janeiro, quando começa a nova legislatura, o que complicaria a vida de Trump.

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