Uma delegação sul-coreana composta por Lee Hee-ho, viúva do ex-presidente Kim Dae-jung; a presidente do grupo Hyundai, Hyun Jeong-eun, e outras 16 pessoas viajaram nesta segunda-feira de Seul a Pyongyang para homenagear o ditador norte-coreano Kim Jong-il. Especula-se que as personalidades da Coreia do Sul serão recebidas pelo sucessor de Kim Jong-il, seu filho mais novo, Kim Jong-il.
As delegações, únicas autorizadas a ir ao velório de Jong-il, receberam uma permissão especial para a viagem, mas autoridades disseram que Lee Hee-ho não representava o governo. Ela também voltará à Coreia do Sul na terça-feira, antes do funeral do ditador norte-coreano. A Coreia do Norte enviou delegações para os funerais do ex-presidente Kim Dae-jung e do fundador da Hyundai.
A recente recusa de Seul a permitir viagens a Pyongyang para o velório de Jong-il irritou o governo norte-coreano, que alertou para as "graves implicações" que a decisão poderia ter para a relação dos dois países. Mas, em um comunicado, a viúva do ex-presidente sul-coreano que, em 2000, participou de uma reunião histórica com o ditador norte-coreano, disse esperar que "nossa viagem ajude a melhorar as relações entre a Coreia do Sul e a do Norte".
A idade avançada de Lee, que tem 89 anos, exigiu que o trajeto fosse realizado por terra. A comitiva cruzou a fronteira mais militarizada do mundo por meio de Kaesong, zona econômica especial, estabelecida pela Coreia do Norte em 2004 e desenvolvida por Hyundai. De lá, os sul-coreanos seguiram em carros oficiais norte-coreanos.
Caso o sucessor de Kim Jong-il receba as delegações, seria seu primeiro encontro com sul-coreanos e simbolizaria um apoio às relações bilaterais, avaliam fontes diplomáticas. Para o ministério da Unificação da Coreia do Sul, a visita pode colaborar para a "reconciliação e a cooperação" entre as Coreias.
O esforço lançado pelo ex-presidente Kim Dae-jung, conhecido como política do Arco-Irís, foi substituído pela linha dura imposta pelo conservador Lee Myung-bak, que assumiu o cargo em 2008. As relações, reduzidas ao mínimo, pioraram depois dos incidentes do ano passado: o afundamento da fragata Cheonan, que matou 46 sul-coreanos, e a troca de disparos entre bases dos dois países.
Sucessor recebe novo título
A sucessão norte-coreana levantou dúvidas sobre as relações entre os dois países. Especula-se, por exemplo, que Kim Jong-un tenha comandado as ações militares de 2010 que aumentaram a tensão entre as duas Coreias. O filho mais novo do ditador morto no dia 17, após um ataque cardíaco, já está acumulando poder
O jornal norte-coreano "Rodong Sinmun" descreveu Jong-un nesta segunda-feira como o chefe do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, indicando que ele controla agora um dos organismos decisórios mais importantes do país. Ele já acumulava o título de "comandante supremo" das Forças Armadas (quinto maior Exército do mundo).