Durante dois anos, as agências russas de Inteligência atacaram o Partido Democrata com e-mails maliciosos e mantiveram essas ações após a eleição presidencial - concluiu um relatório divulgado pelas autoridades americanas nesta quinta-feira (29).
A divulgação do informe coincide com uma série de sanções de Washington contra Moscou, em represália ao que funcionários americanos consideram ser esforços do governo russo para influenciar as eleições de 8 de novembro a favor de Donald Trump.
Os russos teriam roubado informação comprometedora da campanha da candidata democrata Hillary Clinton, divulgando-a à imprensa. Os democratas alegam que esse evento contribuiu para a vitória do magnata republicano.
Elaborado pelo FBI (a Polícia Federal americana) e pelo Departamento de Segurança Interna, o documento rastreia os caminhos que teriam sido usados pelos “hackers” para infiltrar as operações do partido, usando ataques individualizados de “spearphishing”. Esses ataques consistem em e-mails projetados para levar o destinatário a divulgar suas senhas e outras informações, além de roubar toneladas de endereços eletrônicos.
Batizada de “Grizzly Steppe”, a operação tomou a forma de dois ciberataques contra o Partido Democrata, organizados por dois grupos diferentes ligados aos serviços russos de Inteligência.
Veja um pequeno histórico de que como teriam agido os agentes russos
Verão 2015
Durante o primeiro ataque, um grupo chamado APT29 usou endereços legítimos de internet de instituições educacionais americanas e de outras organizações para alojar um vírus e enviar e-mails maliciosos para mais de mil destinatários, entre eles vários membros do governo. Depois, o programa entrou em ação para roubar, discretamente, inúmeros e-mails de várias contas.
Primavera 2016
Na primavera (hemisfério norte), o grupo APT28 lançou um novo ataque, fazendo os destinatários mudarem suas senhas em um site de internet que simulava ser legítimo, mas que, na realidade, era operado por piratas. Os “hackers” usaram essas senhas para acesso ao sistema informático do partido e roubar informação, “levando, provavelmente, à extração de informação de vários membros da cúpula do partido”, acrescenta o informe.
O governo americano acredita que os hackers depois partiram para vazamentos para a imprensa, tornando a informação pública.
A correspondência interna dos líderes democratas e os e-mails de John Podesta, então chefe de campanha de Hillary Clinton, apareceram no WikiLeaks.
Depois da eleição
O informe converge com inúmeras notícias da imprensa americana, apontando para uma operação em massa de pirataria realizada pelo APT28 - com laços com os serviços secretos militares russos (GRU) - e pelo APT29 - com vínculos com o Serviço Federal de Segurança (FSB), a extinta KGB soviética.
“Atores provavelmente associados (aos serviços russos de Inteligência) continuam realizando campanhas de ‘spearphishing’, incluindo uma lançada tão recentemente quanto novembro de 2016, poucos dias depois da eleição americana”, indicou o informe, que também incluiu especificações técnicas e recomendações para blindar as redes de ataques.