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Argentina

Como as benesses e subsídios de Massa contribuíram para sua vitória no primeiro turno

O Plan Platita do ministro argentino e candidato à presidência, Sergio Massa, surge como uma "bomba-relógio" na economia do país (Foto: EFE/André Borges)

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A vitória do atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, no primeiro turno das eleições presidenciais do último domingo (22) foi uma grande surpresa no país diante da grave crise econômica - com uma inflação de quase 140% - que o próprio governo gerou.

Diferentemente da projeção das pesquisas de opinião, nas quais o peronista aparecia na segunda posição nas intenções de voto, atrás do libertário Javier Milei, Massa conseguiu aumentar em 15 pontos percentuais seu eleitorado, enquanto o presidenciável da coligação A Liberdade Avança manteve os cerca de 30% conquistados nas primárias de agosto, das quais saiu vencedor.

À época, Milei também surgiu como um fenômeno inesperado, liderando a votação sobre Massa, que alcançou apenas 21,43%.

Analistas políticos relacionam a surpreendente virada do peronismo às benesses implantadas pelo candidato como ministro da Economia.

Diante do fracasso nas primárias, esperado devido ao alto índice de pobreza e ao descontrole inflacionário na Argentina, Massa precisou de novas estratégias para tentar assumir a Casa Rosada, em substituição a Alberto Fernández, que conclui o mandato em 10 de dezembro.

No período de campanha, Massa anunciou uma série de medidas populistas para os eleitores, que foram desde o congelamento dos preços das tarifas no transporte público e energia, até isenções de imposto de renda para a maioria dos assalariados.

No atual contexto econômico de uma Argentina em crise, por exemplo, o transporte sem subsídio elevaria a passagem de trem a 1,1 mil pesos argentinos (R$ 15,75) e a de ônibus a 700 pesos (R$ 10). O mesmo acontece com as tarifas de eletricidade e gás.

Algumas estratégias apelativas usadas pelo peronismo durante a campanha foram relatadas pela imprensa argentina. Uma delas, utilizada na reta final da corrida eleitoral, foi a de mostrar aos passageiros dois preços distintos de passagens de trens e ônibus.

O primeiro valor exibido era um preço mais baixo, que contava com subsídio do governo, enquanto o outro era bem mais alto, em uma referência clara a uma vitória de Milei, que prometeu, entre outras coisas, realizar cortes nos gastos públicos.

Outras ações foram vistas em hospitais da Argentina, onde cartazes “alertavam” sobre o preço do gás, que poderia dobrar sem os subsídios do governo.

O diretor executivo da Fundação Liberdade e Progresso, Aldo Abram, explicou que essas medidas de Massa surgem no contexto do chamado Plan Platita ("Plano Dinheirinho"), um pacote de benefícios anunciado pelo ministro da Economia que teve como objetivo atrair o eleitor argentino, colocado em uma armadilha criada pelo próprio governo.

"Por um lado, você tem Milei, com propostas mais radicais que acabam assustando parte dos eleitores do país. Dentro desse contexto, Massa surge com o Plan Platita, um pacote de medidas econômicas que agrega novos eleitores para o seu lado com a oferta de benefícios a uma Argentina em crise. Sabemos que esse é um projeto que sairá caríssimo para o Estado, a conta está sendo gerada e uma hora chegará", disse Abram.

Massa também apresentou no final de agosto, após os resultados das prévias e um salto na desvalorização do peso, linhas de crédito a taxas subsidiadas de até 400 bilhões de pesos (aproximadamente R$ 5,6 bilhões, na cotação atual) em empréstimos para os trabalhadores do país.

Os autônomos receberam até seis meses de redução de impostos e os aposentados, repasses de 37 mil pesos (aproximadamente R$ 521, na cotação atual) até novembro, quando ocorre o segundo turno das eleições.

O ministro também eliminou os impostos sobre exportação de produtos agrícolas como fertilizantes, vinho e arroz.

O Plan Platita do ministro peronista já usou o equivalente a 2% do PIB argentino nos últimos meses para repassar subsídios estatais à população.

Junto a isso, há uma crise econômica que se mostra cada vez mais descontrolada; o peso argentino em crescente queda (mil pesos chegando a valer US$ 1); e reservas negativas no Banco Central, que se apoia em empréstimos da China e do Banco de Desenvolvimento da América Latina para se manter.

Todas essas medidas populistas de Sergio Massa contribuem para um "inchaço" crescente do Estado, que vê sua dívida ficar ainda maior às vésperas de um novo governo.

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