Apoiador exibe camiseta com a mensagem “Jesus é meu salvador, Trump é meu presidente” durante votação em Scottsdale, Arizona, na terça-feira (8)| Foto: EFE/Etienne Laurent
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O ex-presidente americano Donald Trump (2017-2021) esperava que vitórias de candidatos apoiados por ele nas eleições de meio de mandato presidencial, na terça-feira (8), o credenciassem como a liderança incontestável do Partido Republicano atualmente e abrissem caminho para sua tentativa de voltar à Casa Branca.

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O resultado não foi exatamente esse, e reveses de nomes que ele chancelou minam seu capital político a ponto de sua candidatura daqui a dois anos ser colocada em xeque.

A derrota mais marcante entre os apoiados por Trump foi na Pensilvânia, onde o republicano Mehmet Oz perdeu a corrida para o Senado para o democrata John Fetterman, cadeira que a legenda do ex-presidente ocupava na casa.

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Em Michigan, duas candidatas apoiadas por Trump, Tudor Dixon e Kristina Karamo, foram derrotadas na disputa para o governo e secretaria de Estado, respectivamente.

No Arizona, Kari Lake, candidata ao governo apoiada por Trump, e Blake Masters, candidato ao Senado, aparecem em segundo lugar na apuração que não havia indicado resultado definitivo até o início da noite desta quinta-feira (10).

Candidatos com a chancela do ex-presidente também obtiveram vitórias, como J.D. Vance, vencedor na disputa ao Senado por Ohio, além de Ted Budd e Katie Britt, que ganharam cadeiras na casa pela Carolina do Norte e pelo Alabama, respectivamente.

Entretanto, as derrotas parecem ter pesado mais que as vitórias, e parte dos republicanos e a imprensa americana conservadora já manifestam o desejo de que o governador reeleito da Flórida, Ron DeSantis, seja o candidato da legenda à presidência em 2024.

Muitos correligionários pediram a Trump para que ele adie um anúncio que havia prometido para a próxima semana (provavelmente, da sua pré-candidatura). “Está claro que o centro de gravidade do Partido Republicano está no estado da Flórida, e não me refiro a Mar-a-Lago”, disse David Urban, um antigo aliado de Trump, ao jornal Washington Post, numa referência a DeSantis e ao resort do ex-presidente.

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Imprensa conservadora se distancia

O jornal New York Post, tradicionalmente alinhado aos republicanos, colocou nesta quinta-feira na capa uma caricatura de Trump como o personagem Humpty Dumpty (fazendo o trocadilho Trumpty Dumpty) sentado em um muro. “Don (que não conseguiu construir o muro) sofreu uma grande queda – conseguirão os republicanos recompor o partido?”, indagou o texto da manchete.

“O que os resultados da noite de terça-feira sugerem é que Trump talvez seja o mais profundo repelente de votos da história americana moderna”, escreveu o colunista John Podhoretz.

Em artigo no site da revista conservadora National Review, o articulista Charles C. W. Cooke afirmou que Trump é um “perdedor”.

“Ele venceu por pouco a mulher mais impopular dos Estados Unidos em 2016 [Hillary Clinton], foi presidente durante uma onda azul em 2018 [numa referência às vitórias democratas nas midterms daquele ano], perdeu para um Joe Biden que mal respirava em 2020 e escolheu a dedo um bando de candidatos republicanos perdedores em 2022”, criticou, antes de argumentar que Ron DeSantis é um “vencedor”.

“Ele impediu a onda democrata [na Flórida] em 2018, superou o maior desafio dos últimos quatro anos – a pandemia de Covid-19 – e foi reeleito pela maior margem alcançada por qualquer candidato republicano a governador nos 177 anos de história da Flórida”, destacou Cooke.

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Desgaste

Para o especialista em gestão pública Ricardo Valadão, os republicanos não conseguiram a vitória esmagadora que esperavam por diversos fatores, como a mobilização democrata após a derrubada em junho da decisão do caso Roe vs. Wade (que impedia os estados americanos de proibir o aborto antes da chamada viabilidade – período mínimo de gestação para um feto conseguir sobreviver fora do útero, hoje estimado em cerca de 24 semanas), mas também por um desgaste da imagem de Trump – problema que também atinge o democrata Joe Biden.

“Tanto o Biden quanto o Trump estão com uma imagem muito cansada, já sofreram muito desgaste. Quem busca um debate mais ao centro está sendo excluído”, apontou Valadão.

“O Biden está perto dos 80 anos, as pessoas querem uma liderança mais arrojada, a aprovação dele não chega a 40%. Já o Trump vai ter uma disputa muito acirrada com o Ron DeSantis, que foi reeleito com facilidade na Flórida”, disse o especialista.

Mesmo sem “onda vermelha” (cor do Partido Republicano), a perspectiva é de uma oposição fortalecida para 2024. “Os republicanos virão fortes, independentemente de ser o Trump ou Ron DeSantis o candidato, porque a economia vai pesar muito mais adiante, ainda mais com a taxa de juros aumentando”, afirmou Valadão.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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