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Protestos nas universidades

Como as revoltas estudantis contra Israel podem atrapalhar a reeleição de Biden

Presidente dos EUA, Joe Biden, fica dividido entre apoio a Israel e críticas do público universitário (Foto: EFE/EPA/TOM BRENNER )

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O governo do democrata Joe Biden enfrenta nos últimos dias um grande desafio em relação aos incendiários protestos estudantis nas universidades americanas contra a ofensiva israelense no Oriente Médio, travada com o grupo terrorista Hamas há sete meses, questão que surge como um obstáculo à sua reeleição em novembro.

Na quinta-feira passada, o mandatário fez seu primeiro pronunciamento direto da Casa Branca sobre os episódios que já afetaram mais de 30 instituições por todos o país e resultaram em milhares de prisões. No discurso, ele criticou qualquer ato de violência que seja realizado nos campi universitários e reafirmou seu apoio a Israel, apesar das recentes críticas a Tel Aviv nos últimos meses sobre a crise humanitária no enclave palestino.

Parte do eleitorado democrata já demonstrou estar insatisfeita com o apoio do governo Biden a Israel em alguns Estados, como no Michigan, onde ele enfrentou uma significativa oposição de aproximadamente 100 mil pessoas (13%), que votou como "descomprometida" com o candidato à reeleição na legenda em protesto à política externa dos EUA.

Agora, o democrata pode sofrer as consequências de seu posicionamento em assuntos internacionais nas urnas. Estudantes que formaram acampamentos nas universidades nos últimos dias a favor da "causa palestina" representam uma parcela importante do eleitorado de Biden, que optam historicamente pelo Partido Democrata, votos que se perdidos, podem fazer uma diferença significativa em uma eleição acirrada com o republicano Donald Trump.

Uma pesquisa feita no mês passado pela emissora CNN com 1212 entrevistados apontou que o atual presidente teve uma desaprovação de 71% no quesito política externa devido à guerra entre Israel e o Hamas. Entre os eleitores com menos de 35 anos, essa avaliação negativa chegou a 81%.

"A perda de apoio da Geração Z, que se mostrou bastante crítica às políticas do presidente em relação a Israel e ao conflito em Gaza, pode definir o resultado do pleito. Esses jovens eleitores, nascidos entre 1997 e 2010, são significativos em número e em influência. Considerando o histórico de Biden de liderança entre os jovens em eleições anteriores e a perda atual de apoio, as repercussões podem ser significativas nas urnas em novembro", explicou o analista político e professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília, Eduardo Galvão.

Segundo o especialista, o democrata está em uma posição complicada ao ficar divido entre o eleitorado jovem e seu apoio ao Estado de Israel para se defender do terrorismo do Hamas. "Qualquer mudança significativa em sua política em relação a Israel pode alienar partes de sua base eleitoral tradicional e complicar as relações diplomáticas".

Para Galvão, uma possível estratégia para mitigar os danos seria Biden adotar uma abordagem mais equilibrada nesse atual cenário, enfatizando a necessidade de uma solução pacífica e duradoura para o conflito israel-palestino, enquanto, na prática, mantém o compromisso dos EUA com a segurança de Israel. "Além disso, ele poderia intensificar o diálogo com os líderes jovens e grupos estudantis para entender melhor suas preocupações e demonstrar empatia e compromisso com questões de justiça global, sem comprometer sua política externa", destacou.

Como consequência do descontentamento do eleitorado, o especialista avalia que a situação atual pode até mesmo fortalecer Trump, seu adversário de novembro nas urnas.

"Trump tem se posicionado como um defensor da ordem, usando os protestos para pintar o Partido Democrata como incapaz de manter a segurança em universidades e, por extensão, no país. Isso ressoa a uma parcela do eleitorado que valoriza a ordem e a segurança. Além disso, se Biden continuar perdendo o apoio dos jovens eleitores devido à sua posição sobre Israel e Gaza, esses eleitores podem se tornar apáticos ou explorar alternativas, beneficiando indiretamente Trump ou outros candidatos que se apresentem como alternativas viáveis", analisou.

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