Os dois policiais que detiveram Brenton Tarrant, o autor do massacre nas duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, estavam na cidade para um treinamento e decidiram responder ao chamado voluntariamente, relatou a imprensa local.
Os dois viajaram à maior cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia para assistir a aulas sobre como atuar em casos de suspeitos armados -um conhecimento que logo se provou útil.
Os policiais, cujos nomes o jornal New Zealand Herald não revelou a pedido das autoridades, somam mais de 40 anos de experiência e atuam em cidades no interior do país.
"Quando o chamado chegou, eles estavam no meio da sessão de treinamento" disse o sargento Pete Stills. "Os dois decidiram pegar a viatura e dirigir por ruas locais próximas à mesquita de Linwood [a segunda atingida], imaginando que o atirador faria o mesmo".
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Pouco tempo depois, eles teriam avistado um carro suspeito que correspondia à descrição do chamado. "O veículo trocava de pistas de forma irregular e tinha o pisca-alerta ligado" contou Stills.
Segundo o sargento, os policiais teriam debatido a melhor tática para abordar o suspeito. Eles concluíram que era melhor evitar uma perseguição, já que o motorista estava armado e poderia atirar na viatura.
Outro risco de partir em alta velocidade seria causar uma batida, o que poderia ferir ou matar inocentes que passavam pelas ruas.
Os dois decidiram bater a viatura na carro de Tarrant, para que ele não pudesse fugir.
Após a colisão, os policiais retiraram o atirador à força do veículo pelo lado do passageiro – no caso, o esquerdo, já que a nova Zelândia segue a mão inglesa.
Após imobilizarem Tarrant, eles chamaram reforços e o atirador foi detido – 36 minutos após o início do ataque.
Segundo a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, o australiano de 28 anos planejava continuar matando após deixar a segunda mesquita. Isso apenas não teria ocorrido graças à rápida ação da polícia.
Suspeito defenderá a si mesmo
Tarrant foi denunciado por homicídio no sábado (16), mas as autoridades afirmaram que ele ainda pode ser acusado de outros crimes nos próximos dias. No domingo, o suspeito demitiu seu advogado e disse que planeja defender a si mesmo no tribunal, levando a especulações de que ele tentará usar seu julgamento como uma plataforma de divulgação de suas opiniões extremistas.
Richard Peters, seu ex-advogado, contou que Tarrrant parece estar lúcido e mentalmente estável.
"Ele não me pareceu estar diante de qualquer desafio ou deficiência mental, além de ter opiniões bastante extremas", disse Peters ao The New Zealand Herald, acrescentando que o suposto atirador não demonstrou pesar.
O advogado sugeriu que Tarrant poderia querer usar seu julgamento para defender suas opiniões extremas. O suspeito deixou para trás um manifesto de 74 páginas cheio de ódio, no qual ele disse que queria "reduzir diretamente as taxas de imigração para as terras europeias". Ele também elogiou o presidente Donald Trump como "um símbolo de identidade branca renovada e propósito comum".
50 vítimas fatais
O ataque à mesquita de Al Noor e à de Linwood, ambas em Christchurch, deixou 50 mortos e um número igual de feridos – 34 estão internados.
Entre os mortos já confirmados está Imran Khan, 47, dono de um pequeno restaurante de comida indiana, que recentemente abriu um açougue. "Khan era uma boa pessoa. Queríamos que isso não tivesse acontecido. Ele chegou ao país há 18 anos, e construiu sua vida do nada" disse Muzzammil Pathan, amigo do indiano que foi morto enquanto rezava na mesquita de Linwood.
Mohammed al Jabawe sobreviveu aos tiros na mesquita de Al Noor, mas perdeu um amigo, o palestino Abdul Fatah, morador da Nova Zelândia desde 1993.
Mucaad Ibrahim, de apenas três anos, seria a vítima mais nova do ataque. Com pais somali, a criança nasceu na Nova Zelândia. As autoridades ainda não divulgaram uma lista oficial de vítimas.