"Não conheci Abu Musab al-Zarqawi, mas ele quase me matou em duas ocasiões. A primeira foi em Kerbala, cidade ao sul de Bagdá onde os muçulmanos xiitas se reúnem todos os anos para lembrar a morte de Imam Hussein, o neto do profeta Maomé, há 1.300 anos. Era o dia 2 de março de 2004, e as ruas estreitas de Kerbala estavam lotadas por mais de 1 milhão de peregrinos, muitos deles envolvidos em autoflagelação com correntes para rememorar a morte sangrenta de Hussein. (...)
Por volta das 10h30, a primeira explosão sacudiu a cidade. Sem certeza sobre o que tinha acontecido, eu e um cinegrafista da Reuters corremos para o local da explosão, desviando-nos da multidão em pânico que corria na direção contrária. Houve uma segunda explosão segundos depois, cerca de 15 metros à nossa frente. Ela dispersou a multidão diante de nós, lançando pedaços de corpos para todos os lados e matando na hora cerca de 20 pessoas. Só não fomos atingidos por causa da densidade de gente à nossa volta (...)"