O presidente americano, Joe Biden, adota a bandeira política de acabar com a diferença de salários entre homens e mulheres. Na semana passada, ele voltou a mencionar o assunto, ao responder no Twitter à carta de uma menina chamada Charlotte que lhe pedia para resolver o problema.
“Charlotte, concordo plenamente com você. As mulheres deixam de ganhar milhares de dólares a cada ano, e centenas de milhares ao longo da vida, por causa das disparidades salariais raciais e de gênero. Estou empenhado em construir uma economia onde minhas filhas tenham os mesmos direitos e oportunidades que meus filhos”, escreveu o presidente democrata.
Usuários do Twitter, entretanto, ironizaram a carta, sugerindo que seria falsa, e recordaram pesquisas do site de notícias conservador Washington Free Beacon que mostraram que Biden sempre manteve uma diferença entre o discurso e a prática no que diz respeito ao assunto.
Um primeiro levantamento, divulgado em dezembro de 2019, quando Biden era pré-candidato à Casa Branca, mostrou que no período em que foi senador pelo estado de Delaware, entre 1973 e 2009 (ano em que assumiu a vice-presidência dos Estados Unidos), o democrata nunca aplicou a equidade salarial entre homens e mulheres no seu gabinete.
Segundo a pesquisa do Free Beacon, nesse período de 36 anos, as mulheres empregadas na equipe de Biden ganharam em média apenas 67 centavos para cada dólar ganho pelos funcionários homens.
Ainda de acordo com o estudo, entre 1973 e 2009, o índice nunca ficou abaixo de 57% no mercado de trabalho geral dos Estados Unidos, mas Biden pagou para suas funcionárias menos de 57 centavos para cada dólar pago a seus funcionários durante 22 semestres nesses 36 anos.
O mais perto que o então senador de Delaware chegou de praticar a equidade salarial na sua equipe foi no início de 2002, quando as funcionárias ganharam em média 98% do valor então pago a colegas do sexo masculino.
Outra pesquisa do Free Beacon, divulgada em setembro do ano passado, mostrou que Biden manteve na sua presidência a política de pagar menos para mulheres, apesar do discurso por igualdade salarial.
Em média, as funcionárias da Casa Branca ganhavam 83,5% do que era pago aos homens, patamar quase idêntico ao índice nacional, já que nos Estados Unidos as mulheres ganhavam 83 centavos para cada dólar pago aos homens.
Os democratas sempre denunciaram a desigualdade salarial em gestões do Partido Republicano, e em 2018 seu Comitê Nacional divulgou comunicado em que criticava o então presidente Donald Trump (2017-2021) por “derrubar uma regra de transparência salarial da era Obama, destinada a garantir que as empresas pagassem as mulheres de maneira justa” e por aumentar a diferença salarial entre homens e mulheres dentro da Casa Branca.
Em setembro de 2020, às vésperas da eleição em que Biden venceu Trump, a The 19th, organização que produz reportagens sobre questões de gênero, apontou que as mulheres empregadas na Casa Branca do presidente republicano tinham uma média salarial equivalente a 69% dos ganhos médios dos funcionários do sexo masculino – à época, a média salarial nacional nos Estados Unidos era de 82 centavos pagos para as mulheres para cada dólar de remuneração dos homens.
Embora os números da gestão Biden sejam melhores nesse quesito, a discrepância entre teoria e prática permanece.
“Na próxima vez que você ouvir o governo Biden citando uma diferença salarial nacional de gênero de 17% com base na renda média e usando essa diferença para promover medidas para alcançar maior igualdade salarial e abordar a discriminação de gênero, é imperativo observar que a própria Casa Branca de Biden tem uma disparidade salarial semelhante, de 16,5%”, afirmou Mark Perry, economista da Universidade de Michigan e membro sênior do American Enterprise Institute, ao Free Beacon.
“Em ambos os casos, essas diferenças de ganhos por gênero não são resultado principalmente da discriminação de gênero, mas sim de muitos outros fatores”, argumentou Perry.
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