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A seguir, as principais informações sobre o julgamento que resultou na condenação de Saddam Hussein à morte, pena executada no sábado em Bagdá segundo a imprensa iraquiana.

O massacre de Dujail

Saddam foi condenado à morte por fatos ocorridos em Dujail, uma aldeia agrícola xiita cerca de 60 quilômetros ao norte de Bagdá. Ali, o então presidente iraquiano havia sido vítima de um frustrado atentado contra a sua comitiva, cometido por jovens locais, em 1982.

Segundo os promotores, Saddam se vingou de forma brutal, ordenando que seus comandantes caçassem, torturassem e matassem mais de 140 moradores de Dujail. Mulheres e crianças teriam sido retiradas à força da aldeia, presas e posteriormente mandadas para campos de confinamento no deserto, onde muitas acabaram ``desaparecendo''. Os campos aráveis da aldeia, antes cheios de tamareiras e hortas, foram salgados e inutilizados.

O que Saddam alegava

Em março, Saddam admitiu ter ordenado os julgamentos que levaram à execução de dezenas de xiitas na década de 1980, mas disse ter agido de acordo com a lei, nas suas atribuições presidenciais.

``Eu os submeti à Corte Revolucionária, conforme a lei. Awad (Al Bander, então presidente do tribunal, também réu no processo) estava implementando a lei, tinha o direito de condenar e absolver.''

``Eu os destruí. Especificamos os campos dos que foram condenados e assinei. É direito do Estado confiscar ou indenizar. Então onde está o crime?''

O que as testemunhas diziam

Muitas das testemunhas do julgamento, que era exibido pela TV, depuseram atrás de cortinas e usando um efeito de computador para distorcer suas vozes, pois temiam represálias.

Numa audiência em dezembro de 2005, Ahmed Hassan, 38 anos, contou como ele e seus parentes foram detidos e torturados. O grupo teria sido levado para um departamento de inteligência, em Bagdá, comandado por Barzan Ibrahim Al Tikriti, meio-irmão de Saddam.

``Juro por Deus, andei por uma sala e vi um moedor com sangue saindo e cabelo humano por baixo'', afirmou.

Em outra audiência, uma mulher identificada apenas como Testemunha A, descreveu, aos prantos, como carcereiros a obrigaram a se despir, lhe deram choques elétricos e a açoitaram com cabos. A Testemunha B, uma septuagenária, disse que seu marido, cinco filhas e dois filhos foram presos.

Outra testemunha, anônima, disse que Barzan estava presente quando ele foi torturado em Bagdá. ``Durante o interrogatório eles me torturavam, e Barzan estava lá comendo uvas. Eu gritava. Sou um velho. Ele estava lá.''

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