No próximo dia 18, os eleitores da Alemanha terão de votar duas vezes. Mesmo assim, escolherão seu novo governante apenas indiretamente.
Eleição atencipada
Ao perder a maioria no Congresso, o chanceler Gerhard Schröeder pediu a antecipação das eleições, que só seriam realizadas em 2006, para setembro de 2005.
Por que adiantar as eleições?
Existem duas versões. A oficial é que o chanceler Schröeder teria dificuldades de governar até 2006, pois ele não poderia passar nenhuma reforma importante sem a maioria no Congresso. Mas há quem classifique a estratégia de um "golpe de mestre". Saindo mais cedo do governo, ele evitaria uma perda ainda maior de popularidade, aumentando suas chances de se reeleger.
Reeleição
O chanceler pode ter vários mandatos consecutivos no governo. Helmut Kohl, por exemplo, governou a Alemanha por 16 anos.
Um sistema complexo
Os alemães votarão duas vezes no próximo domingo, mesmo assim não vão escolher o chanceler diretamente.
O primeiro voto é em candidatos regionais a uma vaga no Parlamento. Metade das vagas parlamentares é preenchida pelos candidatos mais votados.
O segundo é em um dos partidos políticos do país. A outra metade das vagas parlamentares é dividida de acordo com os votos na legenda, seguindo uma lista de figuras prioritárias dos diferentes partidos. A legenda que tiver mais cadeiras no Congresso poderá indicar o chanceler para os próximos quatro anos. Somente partidos que tenham pelo menos 5% de votos podem indicar representantes para o Parlamento.
Diferença entre presidente e chanceler
O sistema da alemanha é Parlamentarista, mas o país também tem um presidente, escolhido de maneira diferente. Nesta eleição, o presidente (Horst Köhler) não muda. Ele é escolhido por uma junta especial formada por figuras de destaque da sociedade alemã (políticos, artistas, professores universitários, esportistas etc.) e tem a função de aconselhar o chanceler, embora não possua poder para impor políticas que considera corretas. É uma espécie de ouvidor-observador da nação. Ou, como preferem classificar alguns, uma Rainha da Inglaterra.
Candidatos e partidos
Os personagens principais
Gerhard Schröeder (SPD)
O atual chanceler alemão, uma figura carismática, está há sete anos no poder. Após interromper o governo no meio, candidatou-se à reeleição. Está em segundo lugar nas pesquisas, mas ganhou alguns pontos percentuais nas últimas semanas. Também se saiu bem no debate televisivo transmitido nesta semana. Contra ele, pesam o desemprego recorde e a redução da qualidade de vida na Alemanha, vistos como conseqüências de sua administração.
Angela Merkel (CDU e CSU)
Uma das figuras emblemáticas do CDU, Angela Merkel lidera as pesquisas de opinião e pode ser a primeira mulher a governar a Alemanha. Discípula de Helmut Kohl, é considerada uma figura taciturna e que pratica políticas conservadoras. Há muita rejeição a ela na Alemanha Oriental, o que pode ser um problema para sua candidatura. Entretanto, sua fama de "linha-dura" faz os alemães acreditarem que ela pode reverter o quadro de redução dos postos de trabalho.
Os coadjuvantes
Oskar Lafontaine (Partido de Esquerda):
O Partido de Esquerda é a nova alcunha do antigo PDS, que acabou de passar por uma reformulação para ganhar mais relevância no cenário político alemão. Advogado e físico, Lafontaine saiu recentemente do SPD de Schröeder, pelo qual foi ministro das Finanças e também governador de estado. Contra ele, pesam as acusações de ser populista e demagogo ele é conhecido por defender posições consideradas de extrema direita e não tem chances de se eleger.
Joschka Fischer (Partido Verde)
Fischer, 57 anos, foi ministro da Relações Exteriores nos últimos sete anos. Ex-taxista e de pouco estudo, o líder do Partido Verde é considerado uma figura carismática e tem a seu favor várias vitórias na luta contra a energia nuclear. O desgaste da associação com Schröeder e o "escândalo dos vistos" concessão fraudulenta de autorizações de trabalho a trabalhadores ucranianos durante sua gestão ministerial devem atrapalhar os verdes, apesar de a legenda ter uma militância forte e fiel.
Guido Westerwelle (Partido Liberal)
Presidente da legenda desde 2001, o advogado Westerwelle, 43 anos, fez uma reforma no partido, que voltou a ganhar relevância no cenário político alemão, conquistando mais de 7% das cadeiras do Parlamento. A legenda voltou a ter representantes no Executivo e no Legislativo em 2002. Desde 1998, os liberais fazem oposição ao governo do SPD. Apesar dos avanços, o Partido Liberal também concorre com poucas chances à eleição.
Como a eleição será resolvida
Após a eleição, devem se formar coalizões de partidos. Angela Merkel, que já tem CDU e CSU, deve ganhar também o apoio dos Liberais. Schröeder, atualmente sozinho pelo SPD, deve se unir ao Partido de Esquerda e aos verdes. Será a soma dessas cadeiras parlamentares que provavelmente determinará o governante alemão pelos próximos quatro anos.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano