Vídeo divulgado pela ONG Memri mostra treinamento de adolescentes com armas em um dos acampamentos de verão do Hamas em 2021| Foto: Reprodução/X/Memri
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Responsável pelos ataques no último dia 7 em Israel que deixaram 1,4 mil mortos, o grupo terrorista Hamas, que prega o fim do Estado judeu, busca formar novas gerações de radicais por meio da doutrinação de crianças e adolescentes na Faixa de Gaza, região que controla. Um dos métodos são os acampamentos de verão do grupo.

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Um relatório recente publicado pela ONG Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (Memri, na sigla em inglês) mostrou como foi o evento este ano. As atividades foram realizadas em julho em vários locais na Faixa de Gaza e tiveram participação de cerca de 100 mil crianças e adolescentes da educação fundamental ao ensino médio.

Este ano, os acampamentos receberam o nome “Escudo de Jerusalém”. Segundo a Memri, os jovens participaram de aulas sobre como montar, desmontar e utilizar diversas armas, incluindo o fuzil AK-47, granadas lançadas por foguete, morteiros e metralhadoras. O uso desses armamentos foi treinado em exercícios de guerra urbana e em túneis.

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“Em alguns acampamentos, bandeiras israelenses foram estendidas no chão para que os campistas pisassem nelas. Terroristas que realizaram ataques mortais contra israelenses são apresentados aos campistas como modelos, e os seus retratos aparecem nos campos e nas atividades”, relatou a Memri.

O porta-voz do Hamas, Abd Al-Latif Al-Qanou, afirmou que os acampamentos de verão têm o objetivo de “construir uma geração mais jovem” que esteja “profundamente comprometida com os princípios nacionais e o direito de retorno [à Palestina] e libertação”.

“O nome ‘Escudo de Jerusalém’ enfatiza a centralidade da questão de Jerusalém [que os palestinos reivindicam como sua capital], que deve permanecer na mente da geração mais jovem, e [salienta] que devemos nos preparar para libertar Jerusalém dos imundos ocupantes usurpadores”, disse o porta-voz, em referência aos israelenses.

O diretor de um dos acampamentos, Muhammad Barhoum, afirmou que os jovens doutrinados nos campos do Hamas formarão “a geração da libertação e da vitória”.

Em 2021, uma reportagem do jornal Times of Israel relatou que os acampamentos de verão do grupo terrorista naquele ano incluíram um simulador virtual no qual crianças e adolescentes treinaram disparos contra soldados e policiais israelenses no Monte do Templo e na Mesquita de Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, e outro em que mísseis antitanques visavam alvos israelenses.

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Em outro treinamento, os jovens simularam o sequestro de um soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI). Durante todas as atividades, as crianças e adolescentes foram ensinados a participar da Jihad e a odiar o “inimigo sionista”.

Segundo o Times of Israel, em acampamentos de verão em anos anteriores, crianças receberam aulas sobre como esfaquear e apedrejar policiais israelenses para “libertar Al-Aqsa”.

Em um relatório de 2021 do seu monitoramento de Crianças e Conflitos Armados (Caac, na sigla em inglês), a Unicef manifestou preocupação com os acampamentos de verão de grupos terroristas na Faixa de Gaza, incluindo os do Hamas, e destacou a ampla publicidade que é dada a eles em sites na internet e redes sociais.

“A ONU não recebeu relatos de casos individuais ou padrões de recrutamento relacionados com as atividades dos acampamentos, no entanto, a participação em massa de crianças em atividades de estilo militar organizadas por membros de grupos armados, muitas vezes em locais militares, gerou preocupações relacionadas à exposição das crianças à violência ou a conteúdos militares e possível recrutamento futuro”, afirmou a Unicef.

A ONU fez no documento um “apelo aos grupos armados palestinos” para que cessem “o recrutamento e utilização de crianças e cumpram as suas obrigações legais nacionais e internacionais” e evitem que os jovens sejam “expostos ao risco de violência” ou “instrumentalizados para fins políticos”.

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Porém, como a continuidade dos acampamentos de verão comprova, o Hamas simplesmente ignorou o “apelo”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]