A descoberta de um grupo no aplicativo de mensagens Telegram que contava com a participação de 3 mil pessoas, a maioria funcionários e professores da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados palestinos (UNRWA), é mais um capítulo do escândalo envolvendo o apoio de membros desta organização ao terrorismo e ao antissemitismo, aponta um relatório da ONG UN Watch, que monitora as ações das Nações Unidas, divulgado no último dia 11 de janeiro.
O documento expõe detalhadamente como alguns integrantes da UNRWA que participavam do grupo comemoraram e endossaram o massacre ocorrido no dia 7 de outubro de 2023, quando os terroristas do Hamas invadiram o território de Israel e mataram 1,2 mil pessoas, bem como sequestraram outras 250.
Intitulado “UNRWA’s Terrorgram”, o relatório da UN Watch revela que os funcionários da agência da ONU estavam rezando pelo “sucesso” e pela “proteção” dos terroristas palestinos enquanto compartilhavam no grupo fotos e vídeos dos ataques terroristas que vitimaram milhares de israelenses (tanto o grupo quanto o material compartilhado nele estão arquivados neste link). Nas mensagens, os funcionários estavam qualificando como “mártires” e “heróis” os terroristas do Hamas que conseguiram invadir e matar pessoas dentro do território israelense.
Ainda no grupo, segundo a UN Watch, eles também defendiam a execução dos reféns israelenses capturados pelo Hamas e pediam a destruição do Estado de Israel e o genocídio dos judeus. Como apontou a ONG, alguns membros questionavam sobre onde os terroristas teriam aprendido as técnicas utilizadas no massacre, com o intuito de compreender e ensinar posteriormente outras pessoas. Vale lembrar que a UNRWA presta assistência em educação e gerencia algumas escolas em Gaza.
“Milhares de professores neste grupo [do Telegram]. Nenhum deles jamais se opôs [as ações dos outros membros] e disse ‘isso está errado’. Quem falou sobre este assunto estava aplaudindo [os] ataques terroristas. Estes são [os] professores da ONU”, lembrou Hillel Neuer, diretor-executivo da UN Watch, em uma entrevista concedida à emissora americana ABC News.
De acordo com o que está no documento, o grupo do Telegram foi criado em março de 2020 com o propósito declarado de coordenar as negociações por melhores contratos e condições de trabalho para os professores da UNRWA que atuam em Gaza. Conforme aponta a UN Watch, a descoberta do grupo é mais uma evidência contundente da falha da agência da ONU em cumprir com seus princípios humanitários.
No relatório, a UN Watch divulgou o teor de algumas das mensagens que foram trocadas no grupo durante todo o trágico dia 7 de outubro. Elas mostram claramente como os funcionários da agência da ONU comemoram a violência e o terror perpetrado pelos terroristas do Hamas naquele fatídico dia.
Como mostra o documento, um dos perfis, identificado como Israa Abdul Kareem Mezher, celebrou de forma entusiasmada a entrada dos terroristas no território de Israel, escrevendo que “o tempo de Israel” havia acabado. Outro, identificado como Waseem Medhat Abo El Ula, estava pedindo no grupo pela execução do “colonizador” - em referência a Israel - e rezando para que os terroristas palestinos “despedaçassem os judeus”. Um outro usuário, cujo nome de perfil era “Yousif’s Mother”, chamou os terroristas do Hamas de “heróis”, e disse que eles tinham grandes “corações” e que os judeus eram “incrivelmente enganadores”.
O perfil identificado como Abu Omar endossou em suas mensagens enviadas para o grupo o sequestro de reféns israelenses e o assassinato de civis pelo Hamas. Ele também pediu por um genocídio dos judeus. Outro perfil, identificado como Muhammad Al Zuhairi, justificou e celebrou os ataques dos terroristas palestinos, afirmando que as ações extremistas que resultaram no massacre de várias comunidades judaicas era a “vontade de Alá”.
Além dos perfis acima, o relatório da UN Watch listou diversos outros que estavam comemorando os ataques, como o perfil identificado como Shatha Husam Al Nawajha, que estava “rezando” pela vitória dos terroristas contra Israel; o perfil de Moreed Abdulaziz Issa, que afirmava que Israel não tinha o direito de existir; o de Ibrahim Sami El Sultan, que comemorou o sequestro de reféns israelenses; o perfil identificado como “Manael”, que estava querendo encorajar os civis de Gaza a servirem como escudos humanos para o Hamas e o de Abu Yaseen, que, segundo o documento, estava “glorificando” o terrorismo do Hamas para crianças.
A UN Watch apontou no documento que todos os membros identificados nas mensagens chocantes faziam parte do quadro de funcionários da UNRWA (Você pode conferir a lista com a identificação deles clicando aqui). É possível ver também nas mensagens trocadas durante o dia 7 de outubro que eles debatiam assuntos relacionados a questões salarias e comemoravam a cada hora os ataques contra Israel, disseminando vídeos e informações sobre o que estava ocorrendo durante a invasão daquele dia.
Corte de financiamento e investigação
A UNRWA é uma agência das Nações Unidas que presta assistência humanitária atualmente para milhões de palestinos que possuem status de refugiados. Na última semana, Israel denunciou por meio de um dossiê de inteligência que funcionários desta agência teriam colaborado diretamente com as ações terroristas do Hamas ocorridas em outubro.
A denúncia israelense foi encaminhada para o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, que pouco tempo depois confirmou a abertura de um processo de investigação interna e a demissão de “vários” funcionários do órgão.
Após a notícia sobre o dossiê israelense vir a público, metade dos principais países financiadores da agência da ONU decidiram suspender seus pagamentos até que as investigações internas terminem e se esclareçam os fatos. Estão entre aqueles países que anunciaram a suspenção de seu financiamento: Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Canadá, Holanda, Reino Unido, Itália, Austrália, França e Japão.
Outros países como Noruega, Arábia Saudita, Turquia e Espanha decidiram manter o envio de fundos à agência, decisão que vai contra a recomendação da UN Watch, que pediu em seu relatório a suspenção de todos os repasses para a UNRWA até que ela demonstre que está “cumprindo com seus compromissos humanitários” e que não está sendo usada como uma “plataforma para promover o ódio e a violência contra Israel e os judeus”.
Este é o segundo relatório divulgado desde os ataques de outubro em que a UN Watch revela a ligação de funcionários da UNRWA com os atos terroristas do Hamas. Em novembro, um relatório da ONG também mostrou que funcionários desta agência comemoraram e justificaram os ataques do grupo terrorista palestino por meio de suas contas no Facebook. Na rede social, os funcionários estavam publicando mensagens que continham incitação ao ódio, à violência e ao genocídio contra os judeus.
Naquele momento a ONG apontou que foram professores, diretores de escolas, médicos, psicólogos e administradores da UNRWA, que trabalham em Gaza, na Cisjordânia, na Síria e na Jordânia, que realizaram tais publicações.