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Argentina

Como funcionou a máquina de criar fundos na corrupção argentina

A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, em ato popular do presidente Alberto Fernández em dezembro de 2021. (Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni)

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Os promotores argentinos Diego Luciani e Sergio Mola apresentaram na segunda-feira (01) aos juízes do Tribunal Oral Federal denúncias contra Cristina Kirchner, o empresário Lázaro Báez e um grupo de funcionários relacionados a contratos de obras públicas na Argentina, dentro do caso Vialidad.

Luciani declarou que "Néstor e Cristina Kirchner montaram um autêntico sistema de corrupção". De acordo com as investigações, essa máquina funcionava através da cooptação de dezenas de empresas em Santa Cruz, com licitações sem concorrência e orçamentos abusivos. A cidade que é 57 vezes menor do que Buenos Aires tinha fundos superiores aos da capital.

Segundo o promotor, o empresário Lázaro Báez tinha uma estreita relação com Néstor Kirchner (morto em 2010) e sua esposa, ex-presidente e atual vice-presidente do país, Cristina Kirchner. “De um dia para o outro ele passou de funcionário de banco a empresário da construção civil (…). De um dia para o outro, o Estado, com os impostos que todos os cidadãos pagam, confiou-lhe 78,4% das obras rodoviárias de Santa Cruz”, apontou Luciani.

Empresas de construção que venceram licitações em Santa Cruz tinham relações comerciais com hoteis da família Kirchner, investigadas no caso Hotesur , que revelou em 2014 casos de lavagem de dinheiro.

Império em Santa Cruz

Báez teria aproveitado as relações próximas com os Kirchner para tomar posse de empresas históricas de Santa Cruz que estavam fragilizadas. O grupo passou rapidamente a ter mais de 20 empresas que facilmente venceram licitações sem concorrentes.

De acordo com a promotoria argentina, a apropriação das empresas permitiu simular a concorrência. "Era uma ficção, uma fachada", destacou Luciani.

Cristina Kirchner também foi acusada de contratar funcionários e gestores, entre eles o secretário de Obras Públicas José López, para manter essa máquina de corrupção. Dos 51 projetos de construção assumidos pelas empresas de Báez, 50 tiveram uma modificação no documento original para aumento do orçamento e quase a metade das obras foi abandonada.

Segundo Luciani, a escolha para a execução desse sistema de corrupção em Santa Cruz, desde a década de 1990, aconteceu porque era "o lugar ideal para fazer essas manobras com impunidade".

Uma investigação feita pelo periódico argentino La Nacion há 9 anos mostrou que Báez pagou aos Kirchner o aluguel do hotel Las Dunas através de outra empresa (Valle Mitre) e administrou o hotel Alto Calafate com a mesma empresa, enquanto alugava quartos no hotel para simular a ocupação por três construtoras do grupo. Somente nessa estratégia de corrupção, pelo menos seis empresas de Báez estavam envolvidas.

Para dar continuidade ao império da família Báez, em paralelo ao dos Kirchner, Lázaro nomeou os filhos Martín e Leandro Báez como diretor e gestor acionista de algumas das empresas.

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