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O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em discurso transmitido pela televisão sobre as novas medidas de restrição para conter uma terceira onda de Covid-19 no país, 27 de junho
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em discurso transmitido pela televisão sobre as novas medidas de restrição para conter uma terceira onda de Covid-19 no país, 27 de junho| Foto: EFE/EPA/NIC BOTHMA

Desde o início da pandemia de Covid-19, os países da África conseguiram, de maneira geral, controlar os contágios e evitar o colapso de seus sistemas de saúde. Porém, há algumas semanas os países do continente africano estão em alerta com o surgimento da variante Delta do coronavírus, que tem causado uma terceira onda de infecções, que começou no início de maio. Desde então, mais de 650 mil novos casos de Covid-19 foram registrados em todo o continente e mais de uma dezenas de países têm visto os seus piores índices de contágio desde o início da pandemia, enquanto a vacinação caminha a passos lentos na região.

Confira como está a tendência de casos em algumas das maiores economias emergentes da África e como elas têm enfrentado a pandemia:

África do sul

  • Situação atual: casos e mortes estão aumentando
  • Número de casos diários por milhão de habitantes: 272
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: +101%
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: 3,35
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: +60%
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 60.647
  • Vacinação com 1ª dose: 5% da população
  • Esquema vacinal completo: 0,8% da população

A África do Sul está passando pela terceira onda da pandemia, com a maioria dos casos sendo registrados na província de Gauteng, centro financeiro do país. A primeira ocorreu em junho do ano passado e a segunda, em janeiro deste ano, quando o país registrou o pico de infecções e de mortes pela Covid-19.

Devido ao aumento de casos e a propagação da variante Delta, o governo do presidente Cyril Ramaphosa anunciou na semana passada mais restrições de circulação para tentar conter o vírus: fechamento de escolas, toque de recolher das 21h às 4h, proibição de encontros e da venda de bebidas alcoólicas, restaurantes funcionando apenas por entrega e retirada de pedidos. A vacinação por lá é lenta. Até agora foram administradas cerca de três milhões de doses – a população do país é de 60 milhões.

Argélia

  • Situação atual: casos e mortes estão aumentando
  • Número de casos diários por milhão de habitantes: 8 
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: +7% 
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: 0,18 
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: +9% 
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 3.716 
  • Vacinação com 1ª dose: 5,7% da população (até 6 de junho)
  • Esquema vacinal completo: N/A

O país norte-africano está bastante fechado desde que os casos de Covid começaram a surgir no país. No último ano, as tensões políticas também contribuíram para que o país mantivesse os estrangeiros fora. A embaixada norte-americana na Argélia informa que as fronteiras terrestres estão fechadas e há suspensão de viagens aéreas e marítimas internacionais. A taxa de contágio atualmente no país é baixa. A vacinação também corre em ritmo lento e bastante dependente de doações como da Covax Facility.

Egito

  • Situação atual: casos e mortes estão diminuindo
  • Número de casos diários por milhão de habitantes: 3
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: -40%
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: 0,28
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: -18%
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 16.169
  • Vacinação com 1ª dose: 3,4% da população
  • Esquema vacinal completo: 0,8% 

O Egito está passando pelo final de sua terceira onda. Em maio, o Egito reduziu as festividades do Ramadã, impondo um bloqueio de duas semanas para conter o aumento dos casos de coronavírus. Atualmente o país tem casos e mortes em queda. O país segue com uma vacinação lenta e deve receber um lote das 6 milhões de doses que a Casa Branca vai distribuir diretamente.

Marrocos

  • Situação atual: casos e mortes estão aumentando
  • Número de casos diários por milhão de habitantes: 14
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: +23%
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: 0,16
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: +23%
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 9.296
  • Vacinação com 1ª dose: 27% da população
  • Esquema vacinal completo: 24,7%

O Marrocos enfrentou uma forte onda de Covid-19 no final de 2020 e agora as taxas de infecção e mortes permanecem baixas, apesar de apresentar um leve aumento desde maio. As restrições aos voos foram suspensas no Marrocos em 15 de junho de 2021 e o país está aberto para o turismo -- um nicho importante da economia do país. Proporcionalmente, o país norte-africano está muito acima da média do continente na vacinação. Enquanto 27% da população do Marrocos recebeu pelo menos uma dose da vacina, no continente a taxa é de 2,66%.

Nigéria

  • Situação atual: casos e mortes estão diminuindo
  • Casos diários por milhão de habitantes na última semana: 0,17
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: -5%
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: <0,01
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: -83%
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 2.120
  • Vacinação com 1ª dose: 1% da população
  • Esquema vacinal completo: 0,6% da população

Os casos de Covid-19 estão em baixa na Nigéria, após dois picos registrados em junho de 2020 e janeiro deste ano. O país africano fechou totalmente as escolas durante esses picos, e parcialmente nos outros momentos da pandemia. No começo de maio, o governo nigeriano lançou novas medidas de restrição, que incluem a proibição de eventos com mais de 50 pessoas, obrigatoriedade do uso de máscaras em todos os locais públicos, locais de trabalho, igrejas, entre outros, o fechamento de centros de eventos, bares e clubes noturnos, e a autorização para restaurantes funcionarem com limite de 50% de sua capacidade.

Desde maio, a Nigéria proíbe a entrada de turistas que estiveram no Brasil, Índia e Turquia nos 14 dias anteriores à chegada. Na segunda-feira (28), o governo nigeriano incluiu a África do Sul à sua "lista vermelha" de países. Viajantes de outros lugares são obrigados a fazer uma quarentena de sete dias, além de apresentar um teste negativo de Covid feito no dia anterior à chegada ao país e outro ao final da quarentena.

O diretor da Agência Nacional de Saúde do país informou nesta semana que a Nigéria espera receber mais 3,9 milhões de doses da vacina da Astrazeneca pelo consórcio Covax até agosto, e outras 29,85 milhões de doses da Janssen pela União Africana até setembro. A Nigéria já aplicou 3,44 milhões de doses da vacina da Astrazeneca, dentre as 3,92 milhões de doses recebidas em março por meio do Covax.

No entanto, a realidade da pandemia na Nigéria pode não estar refletida nos dados oficiais, já que o país, mesmo antes da pandemia, registrava uma parcela muito pequena dos óbitos ocorridos em seu território. Em 2017, apenas 10% de todas as mortes que ocorreram no país foram registradas oficialmente, estima um estudo.

Quênia

  • Situação atual: casos e mortes estão aumentando
  • Número de casos diários por milhão de habitantes: 10
  • Variação de casos nas últimas 2 semanas: +39%
  • Óbitos diários por milhão de habitantes na última semana: 0,32
  • Variação de óbitos nas últimas 2 semanas: -7%
  • Total de vítimas desde o começo da pandemia: 3.634
  • Vacinação com 1ª dose: 1,9% da população
  • Esquema vacinal completo: 0,69% da população

O Quênia também está preocupado com a circulação da variante Delta do coronavírus, que pode provocar uma quarta onda de contágios em seu território nos próximos dois meses, disse o ministro de Saúde do país do leste africano na terça-feira (29). A variante é dominante no oeste do Quênia, e por isso o país impôs restrições de movimento nessa região.

A terceira onda da pandemia no país ocorreu entre março e abril deste ano, com a maioria dos casos atribuída à variante Alpha, que foi primeiro identificada no Reino Unido. Até o momento, cerca de 1,3 milhão de pessoas, do país de 52 milhões, já recebeu pelo menos uma dose de vacina, enquanto cerca de 328 mil já foram imunizados completamente. O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, disse nesta semana que espera que toda a população adulta do país (26 milhões) esteja vacinada apenas no final de 2022.

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