Ouça este conteúdo
A Europa registrou na última semana uma alta de 5% no número de novas mortes por Covid-19, enquanto as demais regiões do planeta apresentam estabilidade ou estão em redução na quantidade de vítimas, apontou boletim divulgado na quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em resposta aos surtos, países europeus têm adotado medidas mais rígidas para tentar conter o vírus, incluindo lockdowns apenas para quem não se vacinou contra a Covid-19 e exigências de certificado de imunização em certos estabelecimentos e eventos.
Situação "dramática" na Alemanha
A Alemanha tem enfrentado as piores taxas de infecções desde o início da pandemia e, pelo nono dia consecutivo, bateu recorde de novos casos diários de Covid-19 nesta quinta-feira. O país registrou 65.371 novos casos e 264 mortes pela doença nas 24 horas anteriores. No total, cerca de 98 mil pessoas já morreram devido à infecção no país.
Segundo o Instituto Robert Koch (RKI), a incidência de infecções também bateu recorde, com 336,9 novos casos por 100 mil pessoas. No entanto, as hospitalizações e mortes permanecem em níveis inferiores aos vistos nas ondas anteriores - embora o sistema de saúde de algumas regiões alemãs já esteja sobrecarregado.
A chanceler Angela Merkel disse que a situação "dramática" era o resultado da quarta onda "atingindo nosso país com força total".
Merkel e os chefes de governo dos 16 estados alemães decidiram nesta quinta-feira implementar novas restrições. Os líderes concordaram em introduzir a obrigatoriedade de vacina para trabalhadores de hospitais e asilos, além de impor restrições aos não vacinados nas regiões que ultrapassarem certos índices de hospitalizações.
Em Berlim, apenas pessoas que completaram a vacinação contra o coronavírus têm permissão para entrar em restaurantes, cinemas, academias, entre outros. Os estados da Saxônia e Baviera também já haviam iniciado medidas mais rígidas no início do mês, permitindo a movimentação livre apenas para os vacinados e os que se recuperaram recentemente da doença.
O governo federal também decidiu voltar a oferecer testes gratuitos de coronavírus para quem não está vacinado, revertendo uma decisão de um mês atrás.
Cerca de 33% dos 83 milhões de habitantes da Alemanha ainda não completaram o esquema de vacinação contra o coronavírus. Esse é um dos motivos apontados pelos especialistas para a alta nos casos. Também contribuem para o cenário a circulação da variante delta, que é mais contagiosa, o relaxamento das medidas de restrição, a chegada da estação fria e a queda na proteção conferida pelas vacinas ao longo dos meses.
"Nossa taxa de vacinação ainda está abaixo de 75% da população alemã", disse Christine Falk, presidente da Sociedade Alemã de Imunologia, para a Deutsche Welle. "Combinado com a falta de restrições de contato, isso está permitindo que o vírus se espalhe quase exclusivamente entre os não vacinados", afirmou.
De acordo com o RKI, a taxa de hospitalizações por Covid-19 entre pacientes de 18 a 59 anos é agora cerca de quatro vezes maior entre não vacinados do que entre os vacinados. Para os pacientes com mais de 60 anos, essa taxa é cerca de seis vezes mais alta.
Lockdown para não vacinados na Áustria
O governo da Áustria determinou, no domingo (14), o confinamento parcial para os cerca de 2 milhões de pessoas que não completaram a vacinação contra o coronavírus no país. Segundo o primeiro-ministro austríaco, o conservador Alexander Schallenberg, a situação é grave e a ação é necessária.
Pelas novas regras, desde a segunda-feira, os não vacinados podem sair de casa apenas para trabalhar, comprar produtos de primeira necessidade, praticar atividades físicas ou receber atendimento médico. As autoridades farão controles de circulação para garantir que as determinações sejam cumpridas e a multa para quem descumprir as regras é de até 1.450 euros (R$ 9 mil). A efetividade da medida de restrição será avaliada após dez dias.
O anúncio provocou uma corrida da população aos centros de vacinação desde a segunda-feira.
Dois estados da Áustria decidiram ir além e anunciaram nesta quinta-feira que entrarão em lockdown generalizado a partir da próxima semana. Alta Áustria e Salzburg registram incidência média de sete dias em torno de 1.600 novos casos por 100 mil habitantes, bem acima da taxa nacional, que é de 989.
Nesta quinta-feira, o número de novas infecções na Áustria atingiu um recorde de 15.145 em 24 horas. Quase 40% dos novos casos foram registrados na Alta Áustria e em Salzburgo.
No país, cerca de 65% da população está totalmente vacinada contra o coronavírus, um índice menor do que a média na Europa.
Bélgica retoma trabalho remoto
A Bélgica endureceu na quarta-feira as medidas para tentar combater uma quarta onda de contágios pelo coronavírus, com o retorno ao teletrabalho obrigatório quatro dias por semana e a reintrodução do uso generalizado de máscaras. O trabalho remoto deve aliviar o congestionamento do transporte público e prevenir os contágios, segundo o governo.
Por outro lado, o governo belga evitou, pelo menos em um primeiro momento, o fechamento de comércio e serviços e o confinamento de segmentos populacionais, como alguns países vizinhos fizeram recentemente.
As autoridades do país também confirmaram que uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19 será administrada a toda a população. Também houve acordo em nível federal sobre a vacinação compulsória no setor de saúde a partir de 1 de janeiro.
A outra medida principal é a extensão do uso de máscaras, que se tornarão obrigatórias dentro dos estabelecimentos ou locais de entretenimento. Elas serão exigidas mesmo que tenha sido apresentado para entrada o chamado "passaporte Covid", que prova que uma pessoa foi vacinada, testou negativo em um teste PCR nas últimas 48 horas ou se recuperou da doença.
A medida afetará restaurantes, cinemas, museus, casas de show, teatros e outros estabelecimentos culturais, assim como eventos públicos ou privados com mais de 50 pessoas em áreas internas ou 100 pessoas ao ar livre.
Além disso, a idade mínima de frequentadores que devem usar máscara foi reduzida de 12 para 10 anos, embora as autoridades regionais e locais possam decidir como proceder nas escolas.
Entre 7 e 13 de novembro foi detectada uma média de 10.283 novos casos de Covid-19 por dia, um aumento de 27% em relação à semana anterior, enquanto as mortes aumentaram em 11%, para 25,6 em média, de acordo com números do Instituto de Saúde Pública Sciensano atualizados na quarta-feira.
"Passaporte Covid-19" na Suécia
O governo da Suécia anunciou que o certificado de vacinação passará a ser obrigatório, a partir de dezembro, para eventos com mais de cem pessoas. O certificado, que atesta que a pessoa está vacinada, testou negativo nos três últimos dias ou se recuperou da Covid-19 nos seis meses anteriores, só era exigido na Suécia para viagens.
A Suécia tinha suspendido quase todas as restrições contra o coronavírus no final de setembro, quando a situação da epidemia estava melhor.
Recorde de casos na República Tcheca
Diante de números recordes de casos de Covid-19, a República Tcheca anunciou novas medidas para conter as infecções por coronavírus. Em um dia, o país registrou mais de 22 mil novos casos, um número muito maior do que os recordes anteriores, de 5 mil em janeiro e de 8 mil uma semana atrás. A taxa de infecção subiu para 813 novos casos por 100 mil habitantes no país.
A partir de segunda-feira (22), a maioria das pessoas não vacinadas não poderá mais frequentar eventos públicos, bares, restaurantes e hotéis apenas com a apresentação de um teste negativo para Covid. Apenas os vacinados e quem se recuperou recentemente da doença terá acesso a esses locais.
Eslováquia
A Eslováquia também está planejando restrições aos não vacinados, anunciou o primeiro-ministro Eduard Heger na segunda-feira. O seu governo decidirá nesta quinta-feira se aprova novas medidas para enfrentar a situação crítica nos hospitais do país.
Entre as medidas propostas, que valeriam por três semanas, está a proibição da entrada de não vacinados em lojas não essenciais, academias, hotéis, eventos esportivos, entre outros. Os não vacinados poderão entrar nos seus locais de trabalho apresentando um teste negativo.
Dados desta semana indicam que 81% dos pacientes hospitalizados no país não foram completamente vacinados. Cerca de 45% dos 5,5 milhões de habitantes da Eslováquia já completaram o esquema vacinal.