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Fotografia dentro do navio oceanográfico “Hespérides” da Marinha Espanhola, em dezembro de 2022, em Punta Arenas (Chile)
Fotografia dentro do navio oceanográfico “Hespérides” da Marinha Espanhola, em dezembro de 2022, em Punta Arenas (Chile)| Foto: EFE/ Rodrigo Saez

As guerras do leste europeu e do Oriente Médio mudaram a forma como a economia global funciona, com destaque para o setor marítimo, que precisou se remodelar diante das alterações de rotas devido aos perigos de ataque nas proximidades do Mar Negro, Vermelho e no Golfo de Aden.

Nessa busca de novos trajetos, a China e os Estados Unidos, duas grandes potências econômicas que tiveram o comércio prejudicado nos últimos anos, encontraram no Chile uma rota de fuga para esses problemas com a região portuária de Punta Arenas, localizada no extremo do país americano.

À medida que as guerras obstruem rotas tradicionais no Oriente Médio e na Europa, os caminhos navegáveis na América Latina se tornam cada vez visados por esses países. Nesse sentido, o Estreito de Magalhães, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico e onde a região está localizada, vem ganhando destaque ao receber um maior volume de navios mercantes nos últimos anos.

Dados oficiais da Marina chilena mostram que entre janeiro e fevereiro deste ano, o tráfego na região aumentou 25% em relação ao mesmo período de 2023 e 83% em comparação com 2021, quando a economia começava a se recuperar da pandemia. As estimativas do país é de que esse tráfego aumente ainda mais, chegando a até 70% de crescimento este ano.

“Estamos em uma parte do mundo que é cada vez mais estratégica e que transcende o país”, disse o prefeito de Punta Arenas, Claudio Radonich, à revista Americas Quarterly.

Já o comandante da Marinha, Felipe González Iturriaga, governador marítimo de Punta Arenas, disse que a região consegue atender à demanda de embarcações que passam por lá, no entanto, com o crescimento esperado, novos recursos precisariam ser investidos. “Podemos lidar com o aumento do tráfego agora, mas se continuar, precisaremos crescer, tanto em infraestrutura quanto em pessoal”, disse à revista.

Atualmente, a área portuária chilena dispõe apenas de alguns molhes e rampas, que conseguem lidar com um número limitado de navios de médio porte, alguns navios de cruzeiro e barcaças que passam por lá. Contudo, segundo os entrevistados pela revista AQ, há um desafio de atender grandes navios-tanque e porta-contêineres, que são cada vez mais vistos ao longo do Estreito.

Mas os olhares para os caminhos navegáveis pelos EUA e China vão além da questão econômica. Pequim já manifestou interesse em construir um complexo portuário perto do Estreito de Magalhães, do lado argentino, visando aumentar sua presença na região e também projetar influência na Antártida, onde a rivalidade principalmente com Washington é crescente nos últimos anos.

Em abril do ano passado, a chefe militar do Comando Sul dos EUA, General Laura Richardson, fez uma visita oficial a Punta Arenas durante passagem pelo Chile e Argentina, com objetivo de analisar a segurança do Estreito diante do interesse explícito de Pequim na região.

Mapa ilustrativo mostra o Estreito de Magalhães,  que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Crédito: Revista Americas Quarterly
Mapa ilustrativo mostra o Estreito de Magalhães, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Crédito: Revista Americas Quarterly

Em novembro do ano passado, o presidente chileno Gabriel Boric, que cresceu em Punta Arenas, assinou um programa de investimentos de cinco anos, no valor de US$ 400 milhões (cerca de R$ 77,6 bilhões), para modernizar portos e outras infraestruturas em Magalhães.

Gestão Milei atrai investidores

O Estreito de Magalhães também é uma porta de entrada a investimentos para a Argentina. Por lá, os empresários ponderam sobre as oportunidades portuárias e de hidrogênio, conforme o presidente Javier Milei apresenta seu plano libertário para o país e abre espaço para o crescimento no setor privado.

De acordo com o especialista em segurança internacional Juan Belikow, uma empresa chinesa chamada Shaanxi demonstrou interesse em construir um porto em Rio Grande, no entanto a proposta foi rejeitada pelo governo federal, enquanto uma empreiteira argentina prepara planos para a região.

Em Ushuaia, mais ao sul do país, a Marinha também está expandindo uma base militar que visa aprimorar a logística na Antártida e monitorar a pesca chinesa na região.

Desde que assumiu a Casa Rosada, sede do governo argentino, Milei declarou seu alinhamento com os EUA e outros parceiros ocidentais.

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