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Soldados mexicanos em atuação no município de Zapopan, estado de Jalisco
Soldados mexicanos em atuação no município de Zapopan, estado de Jalisco| Foto: EFE/José Méndez

O México é um dos países com os maiores índices de violência na América Latina devido à forte influência do crime organizado. E para os cristãos, o cenário se torna ainda mais assustador, com uma crescente perseguição religiosa em uma região específica do país, que ficou conhecida como Círculo do Silêncio.

O termo foi cunhado por um missionário americano que começou a estudar a área, composta por oito estados no sul mexicano - Jalisco, Guajajuato, Michoacán, Zacatecas, Querétaro, San Luis Potosí, Aguacalientes e Nayarit, após tomar conhecimento de um censo do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), indicando que menos de 1% da população naquela zona era cristã protestante.

Em comparação com outros estados onde o Evangelho já havia sido pregado no país, este era um número muito baixo.

O missionário então se questionou durante anos sobre as razões de não terem tantos cristãos naquela região, quando descobriu que os territórios onde estão demarcados os estados modernos foram o epicentro da Guerra Cristera, uma série de conflitos armados conduzidas pelo Estado contra a Igreja Católica e seus adeptos.

Um missionário entrevistado pela ong, que acompanha a situação da violência no México, explicou que "essa guerra levou à resistência das comunidades locais a qualquer religião que não fosse o catolicismo, especialmente depois de um conflito tão profundo e polarizador como a Guerra Cristera", gerando efeitos até os dias atuais.

O evento histórico ocorreu entre 1926 e 1929, quando o governo secular e anticlerical de Plutarco Elías Calles lutou contra os católicos que se opunham às leis que restringiam as práticas religiosas na região.

Os cristeros - os que lutavam contra a censura do Estado - buscavam defender seus direitos religiosos e resistir às políticas anticlericais. Segundo relatos do Portas Abertas, Guanajuato, Jalisco e Michoacán foram os lugares com as maiores perdas civis.

Essa série de conflitos provocou uma ruptura do catolicismo tradicional. "Hoje, é um sistema de tradição em vez de devoção a Deus. Para os católicos da região, os cristãos estão falhando com as tradições de seus ancestrais que lutaram até a morte na Guerra Cristero para defender a Igreja Católica. Em outras palavras, sua fé não é governada pela Bíblia ou pela vontade de Deus, mas pelas tradições", disse o missionário.

Segundo a Portas Abertas, a guerra contribuiu com a repressão contra outros tipos de fé na região do Círculo do Silêncio. Os cristãos evangélicos, por exemplo, vivem sua fé em segredo devido aos riscos de se exporem - em certas comunidades, os que se convertem ao cristianismo são classificados como "traidores" e enfrentam rejeição atpe mesmo da família por irem contra "suas tradições e raízes".

Além dos conflitos religiosos ao longo da história, os cristãos do México sofrem forte pressão de grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas, como o cartel Sinaloa ou o cartel Jalisco New Generation, que usam a região para controlar o envio de entorpecentes para outros estados e até mesmo para o país vizinho, os Estados Unidos.

Atualmente, o país norte-americano ocupa a 37ª posição na Lista Mundial da Perseguição, elaborada pela ong Portas Abertas, focada em monitorar a perseguição mundial contra adeptos do cristianismo.

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