Os ex-presos de Guantánamo caminharam livres pelas ruas de Montevidéu na última quinta-feira, após passarem 12 anos isolados na prisão de segurança máxima dos Estados Unidos em Cuba.
A notícia foi publicada pelo jornal El Observador na sexta-feira. Eles tomaram mate, passearam pela famosa Avenida 18 de Julho e ganharam televisão, tapete e edições do Alcorão para rezar. E pela primeira vez foram divulgadas fotos deles em liberdade.
O grupo de seis ex-detentos quatro sírios, um palestino e um tunisiano recebeu alta do Hospital Militar na quinta-feira e foi transferido para uma casa oferecida por dirigentes do sindicato PIT-CNT. Na primeira saída em liberdade, eles foram acompanhados por membros do sindicato, sem a presença de escolta policial.
Nas primeiras horas na casa nova, os refugiados foram vistos sorrindo. E limitaram-se a cumprimentar com gestos os uruguaios.
A residência, localizada na parte sul da cidade, tem um grande pátio interno e está decorada com uma bandeira uruguaia na varanda. O ex-presos já deram início à alimentação árabe, respeitando as tradições do Islã, e contam com uma pessoa para ajudá-los na preparação da comida.
Ficou de fora do passeio o sírio Abu Wael Dhiab, de 43 anos. Ele chegou ao Uruguai enfraquecido depois de fazer várias greves de fome em Guantánamo, mas já recuperou quatro quilos. Os rostos sorridentes, com cabelos compridos e barbas raspadas ou aparadas, contrastam com as imagens de quando ainda estavam na prisão de Guantánamo.
Os refugiados receberam em torno de 30 ofertas de trabalho, entre as quais a de um proprietário de terras e a de um dono de restaurante. Um professor aposentado de 68 anos ofereceu para lhes ensinar espanhol. Eles já sabem algumas palavras do idioma, aprendidas com guardas latino-americanos de Guantánamo.
O tunisiano Abdul Bin Mohammed Abis Ourgy falou ao Canal 10 e contou que mantém seus costumes religiosos.
"Estamos muito bem. Passeamos duas horas por Montevidéu. Oramos voltados para Meca, em direção ao Leste, umas cinco vezes", disse ele, em italiano.
De acordo com o vice-ministro do Interior, Jorge Vázquez, não há uma vigilância especial sobre os refugiados, mas eles recebem proteção para evitar problemas.
O vice-ministro, irmão do presidente recém-eleito Tabaré Vázquez, destacou que os ex-presos não representam uma ameaça para a segurança do Uruguai.