Em luto pela queda de um Airbus nesta terça-feira (30) nas proximidades do arquipélago do Oceano Índico, cidadãos de Comores expatriados disseram ter reclamado às autoridades francesas na semana passada sobre a operadora iemenita da aeronave que caiu com 153 pessoas a bordo.
Integrantes de uma associação criada na França para reclamar sobre as condições de viagem para Comores acusaram a companhia aérea Yemenia de manter um padrão baixo ao longo de anos.
"O acidente era previsível", disse Farid Soilihi, presidente do grupo "SOS-Viagens para Comores", denunciando o que chamou de aviões sujos e com manutenção precária.
Stephane Salord, cônsul de Comores em Marselha, disse que há muito tempo ouviu reclamações da maior comunidade de expatriados da cidade sobre as viagens que eram "muito longas, muito caras e muito arriscadas".
O subsecretário da autoridade de aviação civil do Iêmen, Abdul-Rahman Abdul-Qader, rejeitou as acusações sobre as condições do avião.
"Isso não tem fundamento, senão não teríamos permitido que o avião fizesse uma viagem ao exterior. Nós exercemos controle estrito sobre nossos aviões e, se alguma coisa como essa (fosse descoberta), o avião nunca teria obtido autorização para decolar", disse ele à Reuters em Sanaa.
O avião caiu com 153 pessoas a bordo, incluindo 66 franceses. Muitos deles eram famílias pertencentes à grande comunidade comorense da França que viajavam para casa de férias.
O ministro dos Transportes francês, Dominique Bussereau, disse que foram detectadas falhas na aeronave que caiu, um A310-300, durante inspeções realizadas na França em 2007, e que ela fora vetada do solo francês.
Autoridades da União Europeia afirmaram que o avião havia gerado uma investigação dois anos atrás sobre o histórico de segurança da companhia.
O ministro dos Transportes do Iêmen disse que o avião que caiu havia passado por uma verificação completa em maio sob a supervisão da Airbus.
"Foi uma ampla inspeção executada no Iêmen... com especialistas da Airbus", disse Khaled Ibrahim al-Wazeer à Reuters. "Ela estava de acordo com os padrões internacionais."
Faysal Emran, gerente de área da Yemenia em Paris, disse que aparentemente o mau tempo foi a causa do acidente e que não havia problemas com o A310-300.
A Yemenia usou um avião diferente, um A330, para buscar os passageiros em Paris e Marselha antes de transferi-los para o A310-300 na capital do Iêmen, Sanaa.