Ao menos sete companhias aéreas estrangeiras anunciaram nesta quinta-feira (26) que passarão a manter dois tripulantes na cabine durante todo o tempo de voo.
Incidentes similares que ocorreram antes da tragédia aérea na França
A tragédia aérea provocada pelo copiloto da Germanwings Andreas Lubitz, que derrubou deliberadamente um avião da companhia alemã com 150 pessoas a bordo nos Alpes franceses, na última terça-feira (24), se soma a outros incidentes similares ocorridos anteriormente.
21 agosto 1994
Morreram 44 pessoas que estavam em um avião da companhia Royal Air Maroc perto de Agadir, no Marrocos, em um voo com origem nesta mesma cidade e com destino a Casablanca. O piloto desligou o modo de voo automático e provocou a queda. A associação que reúne a maior parte dos pilotos dessa companhia aérea nacional colocou em dúvida a versão de suicídio.
19 dezembro 1997
Morreram 104 pessoas que estavam em um Boeing 737 da companhia Silk Air, de Cingapura, que caiu no rio Musi, na ilha de Sumatra, uma hora depois de decolar de Jacarta. Segundo a investigação, a queda pode ter sido um ato premeditado de suicídio do piloto, pois não foram registradas falhas no avião até que alguém apagou os registros de gravação da cabine de controle minutos antes do desastre, realizando “voo controlado em direção ao solo”.
11 outubro 1999
Um piloto suicida roubou um avião ATR da Air Botsuana e o jogou contra outras duas das três aeronaves da companhia, que estavam estacionadas no aeroporto de Gaberone, na África do Sul. O homem tinha sido retirado recentemente do serviço por causa de problemas de saúde.
31 outubro 1999
Morreram 217 pessoas que estavam a bordo de um Boeing 767 da Egypt Air que caiu no mar perto do litoral de Massachussetts, nos Estados Unidos, pouco depois de decolar de Nova York com destino ao Cairo. Segundo a investigação, após o piloto se ausentar da cabine de comando, o copiloto iniciou uma vertiginosa descida e uma confusa série de manobras, que resultaram na queda da aeronave no mar.
29 novembro 2013
Morreram os 33 ocupantes de um avião Embraer ERJ-190 após o piloto provocar deliberadamente a queda da aeronave no Parque Nacional Bwabwata, na Namíbia. Ele mudou a configuração do voo de automática para manual e iniciou uma descida brusca. Aparentemente, o piloto tinha perdido um filho um ano antes em um outro acidente, além de ter problemas graves com sua esposa.
Trata-se de medida em resposta à divulgação de que o copiloto Andreas Lubitz, 28, trancou-se sozinho na cabine de comando do Airbus A320 da Germanwings momentos antes de a aeronave cair sobre os Alpes franceses, na terça-feira (24).
As companhias aéreas são as britânicas Virgin Atlantic, Easyjet e Thomas Cook, a norueguesa Norwegian Jet e as canadenses Air Transat, Air Canada e Westjet.
O número tende a aumentar porque autoridades de aviação civil do Reino Unido e do Canadá disseram que pedirão a todas as empresas de seus respectivos países a manter, sempre, dois tripulantes na cabine de comando.
Em todos os casos, as medidas deverão entrar em vigor nos próximos dias.
No Brasil, pilotos da Avianca disseram ter sido avisados de que a companhia fará o mesmo. A empresa não confirma, por enquanto.
O procedimento funcionará assim: se um piloto precisar sair para ir ao banheiro, por exemplo, um comissário de bordo entrará no cockpit de modo a não deixar a cabine com apenas um piloto. Quando o piloto retornar, o comissário deixa o cockpit.
Segundo autoridades francesas, Lubitz aproveitou-se do fato de o comandante da aeronave ter saído.
Quando o comandante tentou voltar, o copiloto não permitiu a entrada -quem está na cabine de comando pode bloquear tentativa de abertura da porta, procedimento criado após os ataques terroristas do 11 de Setembro.
Promotoria alemã tenta esclarecer conduta de copiloto
Análise das possíveis provas levará “algum tempo”, segundo o órgão
- berlim
A promotoria de Düsseldorf, na Alemanha, informou nesta quinta-feira (26) que está investigando o copiloto para reunir “documentos pessoais” que ajudem a esclarecer os motivos que o levaram a deliberadamente derrubar o avião. Em comunicado, a promotoria explicou que a análise das possíveis provas levará “algum tempo” e que informará os familiares das vítimas e a imprensa de qualquer novidade essencial na investigação.
As revistas, realizada pela polícia de Düsseldorf com autorização da justiça, foram determinadas pelas autoridades francesas com base nos primeiros resultados divulgados hoje pela promotoria de Marselha, acrescentou o texto.
A promotoria de Düsseldorf assumiu a instrução em todo o país, já que uma parte significativa das vítimas de nacionalidade alemã morava na Renânia do Norte-Vestfália, estado cuja capital é Düsseldorf. O objetivo da investigação é esclarecer as circunstâncias da morte dos 144 passageiros e dos seis tripulantes do voo da Germanwings que fazia a rota Barcelona-Düsseldorf, acrescentou.
A casa do copiloto, Andreas Lubitz, em Düsseldorf, e a casa de seus pais na cidade de Montabaur, no estado vizinho da Renânia-Palatinado, estão sendo revistadas. Os agentes buscam provas que permitam esclarecer os motivos que podem ter levado o jovem copiloto a derrubar a aeronave ou possíveis indícios que apontem para problemas psíquicos.
Fontes do governo municipal explicaram que o copiloto, de 27 anos, tinha sido aprovado nas provas de segurança realizadas pelas autoridades de controle aéreo da Renânia do Norte-Vestfália aos trabalhadores das companhias aéreas com base nesse estado e dos aeroportos da região.
O copiloto passou pelos exames pela primeira vez em 2008 e pela segunda vez em 2010, e em janeiro deste ano recebeu novamente o certificado de que não estava implicado em assuntos penais ou vinculado a extremismos. O jovem tinha 630 horas de voo de experiência e tinha começado a trabalhar na Germanwings em setembro de 2013.
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