Não são só as prateleiras dos supermercados venezuelanos que estão vazias em razão da escassez de produtos. As concessionárias do país também enfrentam dificuldades. Hoje, quem deseja comprar um carro na Venezuela pode ter que esperar até cinco anos. A queda na produção impede que as empresas atendam às demandas dos clientes.
Entre janeiro e fevereiro deste ano, foram fabricados 1.721 veículos no país, uma freada brusca em comparação à produção do setor no mesmo período do ano passado: 7.762 unidades. A diminuição foi de 77,83%, indicam dados da Câmara Automotora da Venezuela.
Num percurso por algumas concessionárias, o jornal venezuelano "El Nacional" informou sobre uma lista de espera de cerca de 1.300 pessoas numa loja da General Motors, e outras 286 numa sucursal da Toyota. Em outra concessionária Ford, devido ao número de clientes, a espera por um carro pode demorar até dois anos. E, numa sucursal Chrysler, os vendedores pararam de anotar novos clientes desde outubro do ano passado, diante da falta de peças disponíveis nas fábricas.
A política econômica do atual governo é apontada como a maior responsável pelo desabastecimento nas concessionárias. A interrupção na liquidez de divisas ao setor automotivo no final do ano passado impediu que muitas fábricas importassem matéria-prima e equipamentos necessários para manter a produção neste ano. Segundo o "El Nacional", a fábrica da Toyota parou suas operações no país em fevereiro, e a Chrysler fez o mesmo há quase um mês.
Muitos venezuelanos, então, têm apelado ao mercado de carros usados. Mas, num país em que a demanda supera a oferta e a inflação anual acumulada galopa a alarmantes 57,3%, os preço desses tipos de carros já superam, de maneira significativa, os das concessionárias.