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Redes sociais

Computador explica "Maria vai com as outras"

Um sistema computacional fez com que pesquisadores da Universidade de Liege, na Bélgica, encontrassem novas respostas para um mistério do comportamento humano: como grupos de pessoas com opiniões opostas mudam de idéia em pouco tempo. A chave, segundo um modelo computacional que simulou a maneira como as opiniões se desenvolvem em redes sociais - Orkut e MySpace, por exemplo -, é a força da comunicação entre esses grupos.

O trabalho pode explicar, por exemplo, como forças políticas podem rapidamente ser polarizadas. A transição entre a não-concordância e a concordância entre os dois grupos não é gradual, e acontece de repente, a partir de um ponto mínimo de ligações entre os membros. "Não esperávamos uma transição tão abrupta", disse Renaud Lambiotte, coordenador do projeto. "Isso implica que mesmo uma pequena mudança na estrutura da rede social por levar a conseqüências dramáticas."

Para verificar essa evolução das opiniões, os pesquisadores simularam dois grupos, inicialmente isolados, cujos membros gradualmente começaram a estabelecer contato entre si. Resolvendo o modelo matematicamente, os autores descobriram que, quando os dois grupos estavam isolados, as pessoas dentro deles rapidamente passavam a dividir uma opinião - entre as duas previamente estabelecidas -, mas não havia um padrão de concordância.

Inicialmente, não ocorreram mudanças expressivas com o estabelecimento das primeiras ligações, mas conforme o aumento gradual no modo como as opiniões "vazavam" de um grupo para outro, com adição de mais conexões, houve uma surpresa: a partir de ponto mínimo de contato, as opiniões finais dos dois grupos eram sempre idênticas, segundo a publicação "New Scientist". Aplicações

Lambiotte e seus colegas acreditam que os resultados podem ajudar a explicar porque comunidades polarizadas podem de repente emergir, ao invés de aparecer gradualmente. Nos EUA, por exemplo, pesquisadores notaram uma polarização persistente e extrema entre blogueiros que expressam suas visões políticas - a maioria deles tende a ler apenas aqueles que concordam com ele, fazendo com que as opiniões persistam.

O trabalho também pode ajudar a explicar porque línguas permanecem distintas através de fronteiras geográficas, em vez de se unificar para uma linguagem comum.

Os pesquisadores esperam fazer modelos mais realistas no futuro, indo além de opiniões binárias. "Ainda há muitas questões abertas", diz Marcel Ausloos, também membro da pesquisa. "Mas achamos que o processo básico permanecerá o mesmo."

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