Rostock, Alemanha O comunicado final da cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados e a Rússia) não incluirá limites específicos para a emissão de gases do efeito estufa, como queria a chanceler alemã, Angela Merkel, disse ontem Jim Connaughton, o principal assessor ambiental do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. "Enquanto todas as partes não se sentarem à mesa para negociar, não haverá uma meta", afirmou.
Connaughton descartou que os EUA venham a ceder à insistência alemã de que o G8 se comprometa durante a cúpula a limitar o aquecimento global através de objetivos precisos. Merkel propôs que os países do G8 prometam tomar medidas para que a temperatura mundial aumente apenas dois graus centígrados no máximo, antes de começar a cair.
Para alcançar esse objetivo, em 2050, as emissões dos gases que provocam o aquecimento global deveriam ser a metade que o volume registrado em 1990, segundo os especialistas. No entanto, os EUA o país que mais polui no mundo não apóiam a idéia.
"Os Estados Unidos não concluíram seu próprio processo para decidir qual deveria ser a meta a longo prazo, portanto, neste momento, não estamos preparados para adotar essa proposta", disse Connaughton.
Plano alternativo
Na semana passada, Bush aceitou pela primeira vez a idéia de colocar um limite para as emissões mundiais de gases que causam o aquecimento global, mas quer que essa meta seja definida apenas após 18 meses de conversas lideradas por seu país.
"Os Estados Unidos poderiam colocar um limite para suas emissões, junto com a Europa, mas, se os outros países importantes não fizerem parte dessa equação, nossas indústrias que usam muita energia se transferirão para esses outros países", disse. "Isso provocaria perdas econômicas, problemas sociais e aumentaria as emissões nos países receptores das empresas", acrescentou Connaughton.
O assessor de Bush afirmou que as negociações propostas pela Casa Branca, com a participação de "entre 10 e 15" países, não funcionariam à margem da ONU, que no final de ano começará o debate sobre um pacto para suceder o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não entender por que são necessárias negociações paralelas organizadas pelos EUA, quando já existe o fórum das Nações Unidas. "A posição do Brasil é clara. Não posso aceitar a idéia de que temos de criar outro grupo para discutir os mesmos assuntos que discutimos em Kyoto e não foram cumpridos", disse Lula. "Se existe um fórum multilateral (pela ONU) que toma uma decisão democrática, então nós deveríamos trabalhar para cumprir essas regras", ponderou.
O Brasil é um dos países que Connaughton mencionou como possíveis participantes, apesar de Lula ter afirmado esta semana que Washington não entrou em contato com o governo brasileiro sobre o assunto.
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