O professor de Física da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Adlène Hicheur, que cumpriu pena na França entre 2009 e 2012 por “associação com criminosos com vistas a planejar um atentado terrorista” se defendeu por carta e afirmou que está sendo “incriminado de forma injusta”.

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Em carta divulgada por intermédio do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Hicheur classificou as informações sobre sua ligação com a rede terrorista Al Qaeda como “antigas e já esclarecidas”.

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“Eu fui preso pela polícia francesa no fim de 2009 e a única justificativa desta minha detenção foram minhas visitas aos chamados sites islâmicos subversivos. Fui privado da minha liberdade por dois anos apenas com base nisso,” disse ele, que nasceu na Argélia e se naturalizou francês.

De acordo com Hicheur, a acusação estava sustentada em uma acusação da polícia francesa de que um pseudônimo com o qual ele teria se comunicado pela internet seria um integrante de uma organização terrorista. Porém, ele nega a intenção de cometer atos terroristas.

Hicheur afirma que está em situação regular no país. E declara na carta não ter ligação com o caso divulgado pela CNN em janeiro de 2015, onde um homem desconhecido fez diversas declarações em apoio ao Estado Islâmico na Mesquita da Luz, na Tijuca (zona norte do Rio), também frequentada por ele.

“Desde que as primeiras acusações foram apresentadas contra mim e eu fui preso, recebi recebi apoio não somente da comunidade científica, mas de entidades da sociedade civil locais e internacionais. Tive o apoio, inclusive, de Jack Steinberger, Prêmio Nobel de Física.”

Ele afirmou que seu atual trabalho na UFRJ é uma tentativa de recuperar a credibilidade abalada pela condenação relacionada a terrorismo. “Tenho lutado para me recuperar desta terrível experiência, apesar de todos os obstáculos e das perseguições que estão sendo feitas.”

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Aulas no Brasil

O ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou que o cientista Adlène Hicheur, não deveria ter entrado no Brasil. Mercadante afirma acompanhar o caso há cerca de três meses, quando ainda era titular da Casa Civil.

“É logico que [Hicheur] deveria ter sido bloqueado. Uma pessoa que foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse nesse tipo de pessoa”, afirmou na segunda-feira (11).

O julgamento de Hicheur, que trabalhou como pesquisador do Cern (o centro de pesquisa nas cercanias de Genebra que abriga o superacelerador de partículas conhecido como LHC), foi amplamente divulgado por jornais europeus e americanos em 2012.

Segundo relatos desses jornais, o franco-argelino foi detido em 2009 e condenado em 2012 por trocar mensagens que falavam em atingir empresas e pessoas proeminentes na Europa com um interlocutor em fórum da internet usado pela rede terrorista Al Qaeda.

Ele alega, porém, que nunca agiu para concretizar suas sugestões -algo que não foi comprovado ao longo do julgamento.

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Após cumprir parte da pena, o cientista obteve liberdade condicional em 2012. Apesar disso, a Suíça decidiu, em 2015, proibi-lo de exercer sua atividade profissional no país.

Hicheur, que entrou no Brasil de forma legal como bolsista do CNPq, chegou a ser investigado pela Polícia Federal, segundo a revista Época. Ele deixou de receber a ajuda financeira em 2014 e, desde então, é professor contratado da UFRJ.