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A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, voou para Beirute nesta segunda-feira a fim de discutir um cessar-fogo "sustentável" no Líbano. Uma fonte libanesa disse que a secretária havia insistido para que o Hezbollah liberte dois soldados israelenses e saia da fronteira antes de um cessar-fogo. Mas o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, já disse que um cessar-fogo imediato é impraticável.

Mais que isso, o principal negociador do Hezbollah, segundo uma fonte, já rechaçou os termos do hipotético cessar-fogo.

Condoleezza se reuniu com o premier libanês, Fouad Siniora, depois de chegar na cidade vindo do Chipre de helicóptero.

- Obrigada por sua coragem e por sua firmeza - disse a secretária a Siniora, que já pediu várias vezes por um cessar-fogo imediato.

Ainda não houve comentários sobre o resultado da reunião com o premier libanês. O encontro durou mais de duas horas. Em seguida, ela foi a Israel, para reuniões com a chanceler e com o primeiro-ministro, em dias separados. Comentário da chanceler Tzipi Livni, feito antes da reunião, pareceu desencorajador para a perspectiva de paz.

Mas Condoleezza disse ao presidente xiita do Parlamento libanês, Nabih Berri, que "a situação na fronteira não pode voltar para o que era antes do 12 de julho", disse uma fonte política libanesa, referindo-se ao dia em que o Hezbollah capturou dois soldados israelenses, detonando o conflito.

Segundo a fonte, ela teria dito que não haveria cessar-fogo antes que o Hezbollah libertasse os soldados sem precondições e se retirasse 20 km da fronteira.

- O tom da reunião foi bastante negativo - disse a fonte.

A caminho da região, a secretária disse que desejava criar as condições necessárias para um cessar-fogo sustentável, capaz de colocar fim a uma guerra iniciada 13 dias atrás e na qual morreram 377 libaneses e ao menos 37 israelenses.

Uma autoridade americana afirmou que a secretária anunciaria um pacote de ajuda para o Líbano, onde os bombardeios de Israel expulsaram 500 mil pessoas de suas casas e destruíram várias construções, em danos avaliados em US$ 1 bilhão. A ONU pediu US$ 150 milhões.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse nesta segunda-feira que o plano para trégua deverá ser anunciado em breve.

Segundo o governo libanês, 110 mil refugiados estavam em 642 escolas e em outros abrigos temporários de todo o país.

- Estou profundamente preocupada com o povo libanês e com o que ele está enfrentando - afirmou Rice a repórteres antes de se reunir com o líder xiita Berri. - Estou preocupada com a situação humanitária - afirmou, sem dar maiores detalhes sobre que tipo de ajuda os EUA forneceriam.

Berri é um político pró-Síria que, desde o começo dos conflitos, serve de ponte entre Siniora e os líderes do Hezbollah.

Queda de helicóptero

O Hezbollah afirmou ter derrubado um helicóptero de Israel e ter atingido cinco tanques do país, provocando baixas entre os israelenses durante combates intensos surgidos depois de as forças do Estado judaico terem avançado rumo ao norte, saindo de um vilarejo da fronteira. Israel negou a informação.

Canais de TV árabes disseram que dois soldados de Israel tinham sido mortos no confronto. O Exército israelense falou apenas em nove feridos.

A entrada de tanques rumo à cidade de Bint Jbeil, quatro quilômetros dentro do território libanês, era uma das várias incursões realizadas por Israel em busca de combatentes do Hezbollah e dos lançadores de foguete usados pelo grupo.

Ataques aéreos realizados por Israel mataram ao menos três pessoas e feriram outras 40 no sul do Líbano na segunda-feira. Bombas também atingiram uma área do sul de Beirute.

Foguetes do Hezbollah atingiram Haifa, Nahariya e a cidade fronteiriça de Shlomi , ferindo ao menos quatro pessoas. Os foguetes da guerrilha mataram 17 israelenses desde o começo da guerra, iniciada depois de o Hezbollah ter capturado dois soldados de Israel em uma ação realizada no dia 12 de julho, a partir do território libanês. Os conflitos também mataram 20 soldados do Estado judaico.

Os EUA, que acusam pela crise o Hezbollah e seus aliados na Síria e no Irã, desejam que um eventual acordo de cessar-fogo anule a ameaça a Israel representada pelo grupo xiita.

O chefe do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah , que deseja trocar os dois soldados israelenses por palestinos e libaneses mantidos em prisões de Israel, afirmou que as investidas do Estado judaico não conseguiriam impedir o lançamento de foguetes.

Condoleezza deve se reunir também com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, antes de debater a crise com autoridades européias e árabes em Roma, na quarta-feira.

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