Em visita a Jerusalém, como parte de um rápido giro pelo Oriente Médio, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou nesta segunda-feira que os EUA não querem controlar, mas sim ajudar a ressuscitar o processo de paz entre palestinos e israelenses. Para alcançar uma solução definitiva para o conflito no Oriente Médio, os EUA estariam dispostos adotar um papel de mediador ativo, negociando separadamente com os governos de Israel e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), a criação de um Estado palestino independente.
Segundo o jornal israelense "Haaret'z", Rice apresentaria a ambas as partes os problemas e exigiria explicações sobre suas posturas para iniciar um processo de negociação bilateral. Segundo uma fonte do governo israelense, o obetivo dos EUA é anunciar em pouco tempo um plano de paz viável e duradouro.
"Condoleezza quer que os Estados Unidos deixem a apatia e exerçam um papel mais ativo. Quer negociar com as duas partes isoladamente e tentar propor um sólido acordo. Ela está decida a desbloquear o estagnado processo de paz. Essa estratégia inclui ainda o secretário-geral da ONU, Ban Ki-mon", diz o periódico.
Rice, que encerra sua viagem pelo Oriente Médio com uma entrevista coletiva, nesta terça-feira, em Jerusalém, se reuniu nesta segunda-feira com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e com a ministra de Assuntos Exteriores israelense, Tzipi Livni. Na reunião, a secretária de Estado dos EUA negou que houvesse uma "iniciativa americana", apenas um propósito de ajudar as duas partes a "explorar as possibilidades de criar um horizonte político". Segundo a chanceler israelense, o governo acredita nas negociações bilaterais.
- Veremos como os EUA podem ajudar - disse Tzipi Livni, em aparente referência à possibilidade de Washington intensificar sua participação.
As reuniões em Jerusalém encerram uma jornada de intensa atividade de Condoleezza Rice na região. Depois de se reunir na noite do domingo com Olmert, a representante de Washington viajou nesta segunda-feira para Amã, capital da Jordânia, com o objetivo de se reunir com o rei Abdullah II e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Depois, retornou a Israel para conversar novamente com autoridades israelenses.
Após sua reunião desta segunda-feira com Abbas, Rice disse que o ambiente "é bom" e que há elementos positivos que precisariam apenas ser unidos.
A ofensiva diplomática americana acontece às vésperas da cúpula da Liga Árabe, em Riad, na quarta e na quinta-feira, onde deve ser apresentada novamente a iniciativa saudita de 2002. A iniciativa da Arábia Saudita propõe o reconhecimento de Israel por parte do mundo árabe em troca de que o Estado judeu se retire dos territórios que tomou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e ainda não devolveu.
Na época, Israel rejeitou a proposta, mas recentemente afirmou que esta pode ser interessante, embora com algumas mudanças no conteúdo. Essencialmente, Israel discorda do retorno dos refugiados palestinos e de seus descendentes que deixaram o atual território do Estado judeu em 1948, no que os israelenses chamam de "Guerra da Independência" e os palestinos, de "nakba" (catástrofe).
Não estamos no momento de nos guiarmos pela pressa. A questão aqui não é a rapidez, mas uma movimentação sólida rumo à criação de um Estado palestino disse a secretária de Estado no domingo, logo após chegar a Israel, vinda do Egito.
O secretário-geral da ONU, que também está na região, se encontrou com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, para mostrar a importância de se chegar a um acordo. O premier se mostrou receptivo e disse que poderia aceitar participar, numa segunda fase de negociações, de uma reunião multilateral.
Se me enviarem um convite deste tipo, o avaliarei de forma muita positiva. E, caso julgue importante, não hesitarei em participar declarou o chefe de governo, dizendo ainda que conversou com o secretário-geral sobre a proposta saudita, segundo ele "interessante".
- O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, está pronto para a paz; o mundo árabe está pronto para a paz, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, está fazendo grandes esforços, nós estamos dispostos a cumprir nossa parte - afirmou o secretário-geral da ONU.
Em Riad, os chanceleres árabes renovaram apoio à proposta de 2002, durante a reunião preparatória da cúpula de seus chefes de Estado que começa amanhã.