Sob uma ordem judicial que alegou que o evento seria uma ameaça à segurança pública, a conferência Conservadorismo Nacional (NatCon) foi fechada nesta terça-feira (16) em Bruxelas, na Bélgica.
A polícia adentrou o local para cumprir a ordem quando o político britânico Nigel Farage, um dos principais responsáveis pela saída do Reino Unido da União Europeia, ainda discursava no palco. Farage é um dos fundadores do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) e comentarista político na TV britânica. "Qual é a aparência que vocês acham que isso tem para o resto do mundo?", protestou Farage, que também comentou no palco que a intervenção é "monstruosa".
O jornal The Telegraph teve acesso ao documento que a polícia portava. A ordem alegava que os discursos de Farage e Suella Braverman, ex-ministra britânica do Interior, poderiam levar à "desordem pública" ou exibir opiniões "racistas e homofóbicas".
Braverman, palestrante de destaque no evento, acusou as autoridades de Bruxelas de tentar "prejudicar e denegrir" a liberdade de expressão. Ela também declarou que o governo britânico "não tem vontade política de enfrentar a Corte Europeia de Direitos Humanos". Apesar do Brexit, o Reino Unido ainda participa da corte, que nos últimos anos tem tomado decisões como permitir que a Áustria punisse uma mulher por palavras ofensivas contra o islã.
A NatCon está apelando da decisão e conseguiu barrar a censura completa, mas a polícia, que concordou em deixar o evento continuar por enquanto, impediu a entrada de novos participantes.
A conferência de conservadores já tinha sido realocada para outro espaço no último fim de semana por alegada "pressão política" do prefeito de Bruxelas.
No evento, os conservadores britânicos estavam criticando os planos de seu primeiro-ministro, Rishi Sunak, de banir completamente o tabaco para jovens que completam 15 anos em 2024. É uma tentativa de criar a primeira geração completamente livre do fumo (ou do "vape", que entrega nicotina em forma saborizada em cigarro eletrônico) no Reino Unido.
Às 8:09 da manhã, no horário local de Bruxelas, o parlamentar britânico Sir Simon Clarke disse que o banimento de Sunak "tem o risco de tornar o ato de fumar uma coisa mais bacana". Às 12:05, dois outros parlamentares anunciaram que estavam considerando votar contra os planos de Sunak. Quinze minutos depois, a polícia chegou para tentar dar um fim no evento.
A ministra da Saúde do reino, Victoria Atkins, rebateu as declarações: "não há liberdade no vício". "Eu entendo os argumentos, a preocupação que estejamos banindo coisas, entendo completamente as preocupações dos meus colegas do Partido Conservador, não temos o hábito de banir coisas, não gostamos disso e, assim, só utilizaremos desses poderes quando formos convencidos após um debate robusto que não deixe dúvidas", ela explicou.
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