Apesar do impasse dos principais temas que deveriam ser resolvidos na 19.ª Conferência do Clima (COP-19), em Varsóvia, houve avanço significativo em um assunto que toca especialmente o Brasil. Após três anos na agenda, as nações aprovaram o estabelecimento de regras para o funcionamento do Redd + (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).
Na prática isso define regras internacionais, sob a Convenção do Clima da ONU, para que países ricos possam financiar ações em países em desenvolvimento com cobertura florestal que resultem em redução do desmatamento e, por consequência, da emissão de gases de efeito estufa provenientes da perda de vegetação. A existência do mecanismo vinha da Conferência de Cancún, de 2010, mas até agora não estava claro seu funcionamento dentro da convenção.
As iniciativas existentes são todas fragmentadas. O que foi aprovado agora é uma espécie de arquitetura para regulamentar esse processo. A decisão era um dos principais objetivos do Brasil para a COP de Varsóvia. O Redd+ estabelece o chamado "pagamento por resultados" de quanto foi reduzido em comparação com uma base de referência estabelecida pelo país.
Segundo o acordo de ontem, esses dados terão de ser reportados a cada dois anos e submetidos a uma verificação pela convenção. A partir desse reconhecimento, uma nação interessada faria o pagamento.
O acordo em Varsóvia prevê também que a maior parte desse recurso poderá ser canalizada pelo Fundo Climático Verde (GCF, em inglês), criado em Cancún para administrar a ajuda financeira dos países ricos às nações em desenvolvimento para que estas consigam também reduzir suas emissões.
O combinado é que ele terá de receber, a partir de 2020, US$ 100 bilhões por ano, a ser usado em ações contra as mudanças climáticas. Ainda não há, no entanto, um caminho estabelecido para se chegar a isso. O próprio GCF também ainda não saiu do papel e só deve começar a capitalizar dinheiro no ano que vem.