"Não vai dar em nada"
Ausência de Lula é criticada
Senadores brasileiros que participam de um fórum sobre a mudança climática, na Cidade do México, saíram, no sábado, em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente disse na quarta-feira que não iria à COP porque "não vai dar em nada, não vai nenhuma grande liderança". O governo mexicano reagiu, criticando a fala de Lula.
O senador Cícero Lucena (PSDB-PB), apesar de ser da oposição, disse que ele "fez o comentário mais para provocar os demais mandatários, para que cada um faça seu papel".
"O que Lula disse não foi para minimizar a COP, foi no sentido de que muitos países deveriam estar presentes e, infelizmente, não estão", disse Serys Slhessarenko (PT-MT).
Cancún - Após dias de pessimismo, a última e decisiva semana da COP-16 começou com uma injeção de ânimo para as mais de 190 nações que participam da conferência do clima em Cancún, no México.
No fim de semana, novos documentos foram acrescentados às discussões e tiveram boa aceitação. Isso permitiu que os ministros do Meio Ambiente, que chegaram para a fase final do encontro, pudessem avançar nas negociações. Na semana passada houve poucos avanços. "Esses textos cobrem todos os elementos para termos um pacote balanceado, e isso é bom", disse Connie Hedegaard, comissária do clima da União Europeia.
"Nós temos as bases para trabalhar nesta semana. Não podemos deixar Cancún de mãos vazias", completou.
De acordo com o governo mexicano, mais países devem propor ações específicas de combate ao aquecimento global nos próximos dias.
Segundo delegados que participam do encontro, as negociações estão se encaminhando para decisões práticas. Especialmente em ações para auxiliar países em desenvolvimento seriamente ameaçados devido às mudanças climáticas.
Entraves
Na última segunda-feira, a Bolívia disse que a integridade das negociações havia sido prejudicada com a divulgação de mensagens diplomáticas confidenciais pelo site WikiLeaks, indicando que os EUA usam ajuda econômica como ferramenta de pressão para interferir nas negociações do clima.
Pablo Solon, chefe da delegação boliviana, chamou a prática de "chantagem".
O encontro do México tenta restaurar a confiança na discussão após o fracasso das negociações em Copenhague, um ano atrás, quando não se chegou a nenhuma medida vinculante sobre a redução das emissões globais de gases-estufa.