O tempo está acabando para se chegar a um acordo nas negociações climáticas globais a fim de salvar o agonizante Protocolo de Kyoto e fazer grandes reduções nas emissões de gases do efeito estufa, os quais, segundo cientistas, estão provocando o aumento das temperaturas, fenômenos climáticos mais fortes e o declínio das safras.
As principais partes envolvidas na discussão estão em desacordo há anos, alertas sobre desastres climáticos estão se tornando mais terríveis e diplomatas se preocupam se a anfitriã África do Sul está à altura do desafio de intermediar as duras discussões entre quase 200 países, entre 28 de novembro e 9 de dezembro, na cidade costeira de Durban.
Há alguma esperança de que um acordo possa ser alcançado sobre um fundo para financiar projetos para países em desenvolvimento mais atingidos pela mudança climática, e que economias avançadas responsáveis pela maior parte das emissões globais façam reduções maiores nas negociações conhecidas como a Conferência das Partes, ou COP 17.
Também há uma chance de que seja selado um acordo político para manter Kyoto vivo com uma nova série de objetivos, mas apenas a União Europeia, a Nova Zelândia, Austrália, Noruega e Suíça devem assiná-lo. Qualquer compromisso depende de a China e os Estados Unidos, os maiores emissores mundiais, concordarem em unir esforços sob um acordo mais amplo até 2015, algo que ambos os países resistem fazer há anos.
"As expectativas já estão no fundo do poço com relação a uma arquitetura internacional de mudança climática na cúpula, e não há motivo para esperar alguma melhora", disse Divya Reddy do Eurasia Group, empresa de consultoria de risco político.
EUA e China
O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997 e que entrou em vigor em 2005, compromete a maioria dos países desenvolvidos a cumprir metas sobre as emissões de gases do efeito estufa. As conversas na cidade sul-africana de Durban oferecem aos representantes desses países a última chance para estabelecer outra rodada de metas fixas antes que o primeiro período de compromisso termine em 2012.
Os principais envolvidos estão brigando sobre a extensão de Kyoto. Os EUA ainda não ratificaram o acordo, a China, o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, não está disposta a assumir qualquer compromisso antes de Washington, e Rússia, Japão e o Canadá dizem que não vão assinar um documento sobre um segundo período de compromissos a menos que os maiores emissores o façam.
Países emergentes insistem que as nações ricas, que historicamente emitiram mais poluição envolvendo gases do efeito estufa, deveriam assumir metas mais duras para garantir que farão a sua parte na luta contra a mudança climática.
Nações em desenvolvimento dizem que o limite das emissões de carbono prejudicaria seu crescimento e os programas para tirar milhões de pessoas da pobreza.
Para piorar as coisas, a crise financeira mundial, com a elevação da dívida na zona do euro e dos Estados Unidos, torna ainda mais difícil encontrar financiamento e fazer com que os países reduzam suas emissões de carbono, o que poderia prejudicar suas previsões de crescimento.
Muitos especialistas estão pedindo uma ação imediata. Neste mês, dois relatórios independentes da ONU disseram que os gases que provocam o efeito-estufa atingiram níveis recorde na atmosfera, e um clima mais quente deve provocar chuvas mais fortes, mais enchentes, ciclones mais poderosos e secas mais intensas.
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