O ditador da China, Xi Jinping: para analistas, falta de credibilidade e experiência em mediação internacional deixa Pequim em segundo plano na nova crise no Oriente Médio| Foto: EFE/EPA/Andy Wong
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A guerra entre Israel e Hamas, deflagrada a partir da ofensiva do grupo terrorista em território israelense no último sábado (7), gerou movimentos no cenário geopolítico mundial cujas consequências ainda são difíceis de prever.

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Nesse momento, a segunda maior economia do mundo parece sem saber o que fazer. Por enquanto, a China se limitou a pedir o fim das hostilidades na região, sem condenar o Hamas pelos ataques.

A crise no Oriente Médio é um golpe duro para as pretensões de Pequim de se tornar mais influente na região. A ditadura chinesa vinha posando de nova “mediadora”: em março, foi anunciado o restabelecimento das relações diplomáticas entre Irã e Arábia Saudita com mediação de Pequim, após sete anos de laços rompidos entre os dois países.

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Mas a China não pretendia parar por aí. Pequim se ofereceu para articular conversas entre altos funcionários israelenses e palestinos com o objetivo de iniciar negociações de paz e implementar a solução de dois Estados na região. Também busca intermediar diálogos para encerrar a guerra civil no Iêmen, atualmente em cessar-fogo.

Com a guerra entre Israel e Hamas, esses esforços estão em suspenso. Em entrevista à Gazeta do Povo, o economista e empresário Igor Lucena, doutorando em relações internacionais na Universidade de Lisboa e membro da Chatham House/The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política, disse que a China já vinha enfrentando o desafio interno da crise imobiliária e da desaceleração econômica, que dificulta a continuidade desse papel de mediadora.

“Além disso, quando há um conflito deflagrado, a China não intervém [em assuntos de outros países], apenas em momentos de paz, por meio de investimentos, infraestrutura, empresas”, afirmou Lucena, que destacou também os menores poder militar e experiência em mediação internacional na comparação com os Estados Unidos.

Jonathan Fulton, membro sênior não residente do think tank americano Atlantic Council, também ressaltou esse ponto em entrevista à CNN.

“A China não tem realmente a experiência ou conhecimento sobre a região para fazer uma mudança significativa [no conflito Palestina-Israel]”, disse Fulton. “Não vemos os governos da região se perguntando, ‘Qual é a solução da China para isso?’, porque os chineses ainda não são vistos como um ator com credibilidade aqui.”

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Nesse sentido, Pequim é enxergada como uma mediadora tendenciosa: além da aproximação com países islâmicos, evidenciada na expansão dos Brics capitaneada pelos chineses (Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã entrarão no bloco em 2024), a China mantém uma “parceria sem limites” com a Rússia, termo utilizado pelo ditador Xi Jinping e pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O Irã, que entrou nos Brics após lobby chinês, vendeu drones para a Rússia utilizar na guerra contra a Ucrânia e foi acusado de ajudar o Hamas nos ataques a Israel, o que compromete ainda mais essa busca chinesa por ser vista como um ator “isento” no Oriente Médio.

“Não há uma visão clara sobre o posicionamento chinês e a China apoia abertamente nações autoritárias, a Rússia invadindo a Ucrânia, o Irã, não há princípios democráticos que ela defenda e que lhe garantam notoriedade internacional e legitimidade”, disse Lucena, que citou o próprio histórico interno de violação de direitos humanos na China, como a perseguição aos uigures, e sua intenção de invadir Taiwan.

Este ano, Tuvia Gering, especialista em relações China-Oriente Médio do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, já havia dito em entrevista à DW que a China viu “uma oportunidade” no acordo Irã-Arábia Saudita e foi “apenas o player certo na hora certa”. Sendo assim, não possui credibilidade para intermediar conversas de paz no Oriente Médio.

“A China pode enxergar a si mesma como um poder equilibrado para todas as partes, mas Israel não compartilha desse sentimento. Eles veem a China como um player tendencioso e completamente cínico na região, que não tem interesse algum em resolver este conflito. É apenas a China marcando alguns pontos diplomáticos e geopolíticos”, afirmou o especialista.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]