Tripoli - Combatentes rebeldes repeliram ontem uma ofensiva de forças leais ao líder líbio Muamar Kadafi que sitiam a cidade de Misurata. De acordo com um morador da região, no oeste da Líbia, os rebeldes tomaram o controle de um hospital onde soldados leais a Kadafi estavam entrincheirados e os afastaram até a periferia da cidade.
Durante o domingo, relatou o morador, as forças leais a Kadafi dispararam dezenas de foguetes sobre Misurata. A versão do morador, que pediu para ser identificado apenas como Abdel Salam, diverge das alegações do governo líbio, segundo o qual o exército não ataca Misurata desde a sexta-feira.
Pelo menos 32 pessoas morreram e 85 ficaram feridas em Misurata no fim de semana, informou o doutor Khaled Abu Falgah, diretor do comitê médico da cidade. "As últimas 24 horas estiveram entre os mais difíceis e tristes dos últimos 65 dias", declarou. A disputa por Misurata já cobrou centenas de vidas no decorrer dos últimos dois meses.
Autoridades líbias afirmam que o exército paralisou suas ações em Misurata ao longo dos últimos dois dias com o objetivo de permitir que líderes tribais da região negociem com os rebeldes. No sábado, o vice-chanceler Khaled Kaim disse que os soldados mantinham suas posições no entorno da cidade, mas assegurou que as operações militares estavam suspensas.
Em Washington, três integrantes da Comissão de Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos defenderam que uma ação mais enérgica deveria ser adotada para depor Kadafi, inclusive ataques aéreos a integrantes de seu círculo íntimo. "Seria preciso fazer com que todos os dias, ao acordar, Kadafi pensasse: Será que este é meu último?", argumentou o senador republicano Lindsey Graham em entrevista à CNN.
O também republicano John McCain, que em 2008 perdeu para o democrata Barack Obama a disputa pela presidência dos EUA, afirmou que Washington precisa intensificar o envolvimento nos ataques aéreos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) à Líbia. "Quanto mais demorarmos, mais provável é um impasse. E se você se preocupa sobre a entrada da Al-Qaeda nesta luta, nada traria a Al-Qaeda mais rapidamente e mais perigosamente do que um impasse", disse McCain, à emissora NBC.
No Vaticano, o Papa Bento XVI pediu ontem, em sua mensagem de Páscoa, o fim dos combates na Líbia e a ênfase no uso da diplomacia como meio de solucionar o conflito.