Os confrontos armados entre muçulmanos e cristãos na República Centro-Africana deixaram pelo menos 600 mortos em uma semana, sendo 450 só na capital, Bangui, de acordo com um relatório publicado nesta sexta-feira (13) pelo Alto Comissariado para Refugiados das Nações Unidas (Acnur). Pelo menos 159 mil pessoas deixaram suas casas nos últimos sete dias.

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Muitos dos que fugiram estão em condições absolutamente precárias. Quase 110 mil buscaram campos de refugiados na capital, e outras 38 mil se alojaram no aeroporto da cidade - onde não há banheiros ou abrigo. O local, no entanto, representa segurança: é a base dos 1.600 soldados franceses deslocados, que, junto aos 3 mil da Missão Internacional Africana (Misca), não conseguiram por fim ao conflito.

Há ainda uma grande concentração de deslocados em Bossangoa, onde fica parte do exército francês.

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"Espontaneamente e em busca de vagas, 40 mil cristãos de Bossangoa e das aldeias próximas foram-se juntando ao redor do arcebispado da cidade, de apenas quatro hectares", conta a ONG Ação contra a Fome. "Do outro lado da cidade, as famílias muçulmanas procuram, há pelo menos seis dias, a escola Liberté."

Em visita à capital na manhã desta sexta-feira, o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, falou sobre o "início de uma crise humanitária". Ele viajou para apoiar o contingente da Operação Sangari. "A República Centro-Africana é um país à deriva. Temos que ficar atentos ao perigo de que reine a anarquia e a situação acabe desestabilizando toda a região, atraindo grupos criminosos e terroristas."

Depois da morte de dois soldados que tentavam desarmar milicianos, a França afirma que a maioria das armas dos grupos da capital foi retirada e começa a levar a cabo uma operação semelhante em Bossangoa. O país interveio sozinho na RCA, com a ajuda do Conselho de Segurança da ONU, temendo, entre outras coisas, que a crise possa se estender a uma área de suma importância para sua economia - já que Paris extrai e importa de Niger grande parte do urânio necessário para suas centrais nucleares.

Com o aumento da crise, a União Africana formalizou a decisão de elevar a 6 mil o número de efetivos da Misca, de acordo com o vice-presidente da comissão, Erastus Mwencha. "O Conselho de Segurança da ONU autorizou originalmente 3.600 soldados, mas fomos mais além porque precisamos de mais tropas."