O conflito armado na Colômbia manteve sua intensidade durante os seis primeiros meses de diálogos que o Governo e as Farc completam neste domingo (19), ao tempo que cresceu a violência política e também o apoio dos cidadãos a esse processo de paz.

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Esse é o diagnóstico do diretor do Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac), Jorge Restrepo, que em entrevista à Agência Efe considerou que a guerrilha pode estar usando esse período "para promover treinamentos, descansar com a redução do confronto armado e retomar as forças".

Os negociadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e do Governo de Juan Manuel Santos negociam em Havana ainda sem terem alcançado acordos conclusivos, enquanto na Colômbia prosseguem os enfrentamentos, pois o fogo não cessará até que haja um acordo.

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É por isso que as comunidades das áreas mais castigadas pelo conflito no oeste (Chocó, Cauca, Nariño e Putumayo) e no leste do país (Catatumbo e Arauca) ainda testemunham atentados da guerrilha contra as forças de segurança e também bombardeios e grandes operações por parte da Polícia e do Exército.

Segundo Restrepo, nesses seis meses "não houve grandes mudanças" nas frentes nem no recrutamento, e a única redução das atividades aconteceu pela trégua unilateral de dois meses que foi decretada pelas Farc em Navidad, que "teve valor como demonstração de paz para a sociedade" e consolidou "o controle interno" da guerrilha.

O diretor do Cerac destacou que a queda no número de sequestros vem de antes das negociações e que há "uma muito provável redução da atividade em Cauca", porém, também maior movimento em Arauca e Caquetá, no sul da Colômbia.

Nos combates ocorridos nesses seis meses morreram dezenas de membros da Polícia e das Farc, com destaque para as mortes do ex-chefe da coluna móvel de elite Jacobo Arenas, conhecido como "Caliche", e do chefe do Bloco 5, no norte colombiano, conhecido como "Jacobo Arango".

Restrepo explicou que, embora "não tenha havido grandes mudanças no conflito nesses seis meses, houve um aumento da violência que viola os direitos humanos de comunidades afrocolombianas e indígenas".

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Ele também citou o aumento da "violência política" derivada das tensões sociais na aplicação da Lei de Vítimas e Restituição de Terras, dos enfrentamentos entre guerrilhas, do "ressurgimento do paramilitarismo político no sentido de ameaçar e atentar contra ativistas" e de disputas internas entre grupos do crime organizado.

Restero alerta que organizações narcotraficantes de origem paramilitar como Los Urabeños estão comprando rotas da droga pertencentes às Farc e começaram a incorporar membros da guerrilha "um por um". Com isso, lançou a advertência de que já está "começando a violência do pós-conflito sem ter terminado o conflito com as Farc".

"Temos que nos preparar para uma negociação longa, e isso inclui nos preparar para essas formas de violência que aumentaram", advertiu, ao assinalar que "a Colômbia vive muitas violências".

Desde o início do processo de paz, em novembro de 2012, o Governo e as Farc convocaram a sociedade civil em foros em Bogotá e nas regiões para que apresente suas propostas ao processo em matéria agrária e política, o que, além disso, procura criar uma consciência de construção de paz no país.

As mensagens das duas partes buscam a unidade dos colombianos em torno da paz e também tentam seduzir os mais críticos, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

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O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, citou hoje o reconhecimento internacional do processo ao remarcar que no último mês recebeu o apoio de personalidades como o papa Francisco, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, o ex-mandatário dos EUA Bill Clinton e o ex-presidente do Governo espanhol Felipe González.

Segundo a mais recente pesquisa do instituto Gallup, divulgada em 2 de maio, 64% dos colombianos respaldam esse processo de paz, índice que traz alta significativa sobre os 54% de fevereiro.