Os conflitos sectários ocorridos no Iraque nos últimos quatro meses elevaram para mais de 130 mil o número de pessoas expulsas de suas casas, afirmou um investigador ao Parlamento do país na segunda-feira, pedindo aos ministros que ofereçam mais ajuda e segurança para conter a crise.
- Deveria haver mais visitas de campo para entender o sofrimento deles - disse o parlamentar sunita Dhafir al-Ani. - O governo deveria adotar medidas de ajuda para as famílias expulsas de suas casas, dando-lhes segurança, também nos campos de refugiados.
O Ministério de Refugiados e da Migração do Iraque calcula em 130.386 o número de refugiados internos, ou 21.731 famílias, disse o porta-voz do órgão, Sattar Nowruz.
O número de refugiados registrados aumentou em cerca de 30 mil no mês passado, segundo dados do ministério.
A cifra real deve ser muito maior porque milhares deles não são identificados como tal pelo governo, procurando abrigo discretamente junto a parentes ou saindo do país.
Quase todo mundo em Bagdá conhece um amigo, parente ou vizinho que se viu obrigado a sair de casa por medo.
Um problema já grave devido à violência e à anarquia dos últimos anos, a crise aprofundou-se depois de o ataque de 22 de fevereiro contra um importante santuário xiita na cidade de Samarra ter detonado uma série de represálias e ter levado o Iraque à beira de uma guerra civil.
O problema foi associado a operações de "limpeza étnica" realizadas nos Bálcãs nos anos 90 e poucos esperam vê-lo solucionado no curto prazo.
A violência sectária, responsável por matar dezenas de pessoas por dia apenas em Bagdá, começou a mudar a demografia do país -- xiitas e sunitas fogem para áreas mais seguras, dominadas por seus grupos.Os bairros mistos estão se desagregando
Alguns temem que o rio Tigre, que divide o leste majoritariamente xiita de Bagdá do oeste majoritariamente sunita, torne-se uma linha de frente semelhante à "Linha Verde" de Beirute nos anos 80 se o novo primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, não conseguir deter a violência sectária.
Plano de Reconciliação
No domingo, o premier apresentou um plano de reconciliação ao Parlamento contendo várias promessas, mas poucos detalhes sobre como exatamente ele pretendia enfrentar o problema.
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