Mais de 377 mil pessoas tiveram que fugir de seus locais de origem devido aos confrontos entre os rebeldes e o Exército do Sudão nas províncias meridionais de Kordofan do Sul e do Nilo Azul, declarou neste domingo (16) à Agência Efe o comissário sudanês de Ajuda Humanitária, Suleiman Abdulrahman.
O responsável sudanês, de visita no Cairo, explicou que 115 mil pessoas se deslocaram das zonas onde se encontram os rebeldes às que estão controladas pelo Governo em Kordofan do Sul, enquanto no Nilo Azul este número gira em torno de 77 mil.
Abdulrahman, membro da delegação que acompanha no Egito o presidente sudanês, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, afirmou que umas 170 mil pessoas buscaram refúgio no Sudão do Sul e outras 15 mil na Etiópia.
Apesar disso, o responsável opinou que a situação humanitária nas zonas controladas pelas forças governamentais, principalmete em Kordofan do Sul e no Nilo Azul, é "normal".
Segundo Addulrahman, essa conclusão é fruto de estudos realizados sob a supervisão de sua administração e baseados nos índices de segurança alimentar e as porcentagens de desnutrição infantil e de mortalidade.
O responsável assinalou que os cidadãos que se deslocaram às zonas controladas pelas autoridades não residem em acampamentos, mas foram amparados pela população local e recebem ajuda humanitária do Governo e de ONG nacionais e internacionais, como o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
Para Abdulrahman, a solução para esta situação humanitária está na resolução das questões pendentes entre seu país e Sudão do Sul, como a segurança e as fronteiras.
"Felizmente, os negociadores dos dois países realizam avanços nestes temas em seus encontros de Adis-Abeba, depois que conseguiram firmar um acordo sobre a questão do petróleo", acrescentou.
Sudão e Sudão do Sul chegaram assinaram no dia 4 agosto, em uma de suas reuniões na capital etíope, um acordo sobre as taxas que o sul deve pagar pelo trânsito de seu petróleo pelos oleodutos do norte, um assunto que gerou intensos confrontos nas áreas fronteiriças.
Além disso, ambos os países alcançaram acordos com a Liga Árabe, a União Africana (UA) e a ONU para garantir a ajuda humanitária nas zonas de guerra nos estados de Kordofan do Sul e no Nilo Azul.
Kordofan do Sul é um dos estados com maior valor estratégico do Sudão, já que é o mais rico em petróleo e que corresponde ao regime de Cartum desde a independência do Sudão do Sul, em julho de 2011.
A luta nesta província entre o Exército sudanês e os rebeldes, que segundo Cartum recebem apoio do Sudão do Sul, começou no dia 5 de junho de 2011, sendo que ambos os bandos assinaram um acordo de cessar-fogo na Etiópia que não foi respeitado.