Em 2013, a falta de entendimento entre o governo da Tunísia, dirigido pelo partido islamita Al-Nahda, e a oposição reunida em torno da Frente de Salvação Nacional (FSN) gerou uma grave estagnação política, o que mantém em expectativa a transição e prejudica a economia do país.

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Apesar do ano terminar com esperança após a eleição na última hora, em 14 de dezembro, de um novo presidente de governo (o atual ministro da Indústria, Mehdi Yumaa), o caminho em direção à normalidade está apenas começando.

Yumaa deve anunciar nas próximas duas semanas um novo gabinete formado por tecnocratas, antes do atual governo do conservador islamita Ali Laridi apresentar sua renúncia.

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Esta é a previsão estipulada no roteiro pactuado pelos principais líderes político em 5 de outubro para tentar superar a atual crise.

Paralelamente aos contatos de Yumaa, o Parlamento deve acelerar seu trabalho para finalizar a redação da Constituição e organizar as próximas eleições presidenciais e legislativas.

No entanto, nem todas as forças políticas receberam com entusiasmo a designação de Yumaa como novo primeiro-ministro e vários partidos, entre eles o Nida Tunis, principal força da oposição, demonstraram seu descontentamento.

As diferenças entre ambas as correntes políticas, latentes desde as eleições de outubro de 2011, tornaram-se evidentes após o assassinato do opositor Chukri Bellaid em 6 de fevereiro deste ano.

Sua morte foi seguida de uma onda de protestos que forçou a queda do então governo de Hamadi Jabali, secretário-geral do Al-Nahda, que foi substituído por um novo Executivo dirigido pelo também membro de Al-Nahda e ex-ministro de Interior, Ali Laridi.

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O assassinato do deputado de esquerda Mohammed al Brahmi, em 25 de julho, gerou um novo clima de indignação e aumentou ainda mais a brecha entre o governo de Laridi e a posição, que não se conformava mais com a renúncia de primeiro-ministro e passou a exigir a formação de um gabinete de tecnocratas.

A segunda onda de protestos foi acompanhada pelo bloqueio do Parlamento depois que o presidente da casa, Mustafa Ben Jaafar, decidiu em 6 de agosto suspender a atividades legislativas para forçar as partes em conflito a dialogar.

Após muitas demora e acusações cruzadas, a maioria dos partidos políticos envolvidos assinaram em 5 de outubro um roteiro que previa a formação de um novo Executivo de consenso, assim como a reabertura das sessões parlamentares para finalizar a redação da Constituição e acelerar a realização das eleições.

Apesar do princípio de acordo, conseguido graças aos esforços mediadores liderados pela União Geral dos Trabalhadores Tunisianos (UGTT), a primeira sessão do diálogo só ocorreria em 25 de outubro.

No entanto, apesar desta reunião e das que se seguiram, que foram acompanhadas por encontros entre os principais responsáveis políticos, não se chegou a um acordo para escolher o nome da figura que deveria liderar o novo governo transitório e avançar rumo à normalização política, o que só foi conseguido em 14 de dezembro.

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Paralelamente à crise política, vários grupos salafistas pegaram em armas contra as forças de segurança.

Os atentados e enfrentamentos entre os jihadistas e a polícia e o exército, que ocorreram em sua maioria na região montanhosa de Chaambi, uma zona fronteiriça com a Argélia, deixaram cerca de vinte mortos e disseminou o temor de uma crise em um momento político e economicamente muito delicado.

A instalação nos postos de controle nas estradas, assim como o aumento da segurança em hotéis e zonas turísticas, foram as consequências mais visíveis deste novo conflito.

Para o analista político Buyama Remili, o impacto da situação atual, especialmente a estagnação político, é "imenso" sobre a economia.

Remili lembrou que "segundo os principais atores político-financeiros do mundo (FMI, Banco Mundial e União Europeia), não pode existir um relançamento da economia sem estabilidade política".

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Já o especialista financeiro Tareq Chabuni afirmou que além da situação política, "a falta de segurança, a cada vez maior carestia de vida, o descenso contínuo da produtividade e o aumento da economia submergida, os mercados paralelos e o contrabando" são fatores que também estão piorando a situação do país.

"Embora a desaceleração econômica dos países europeus influencie negativamente a economia tunisiana, o fator mais negativo é que a maquinaria do Estado, da administração e das empresas públicas não funciona", disse Chabuni.

Uma situação, que nem Remili nem Chabuni acreditam que mudará enquanto os partidos políticos continuarem se enfrentando.