Familiares participam de funeral de mortos pela polícia durante protestos em Sacaba, Cochabamba, reduto eleitoral de Evo Morales.| Foto: AFP

Um informe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), divulgado pelo Twitter na noite de sábado (16), relata que 23 pessoas já morreram em decorrência dos protestos na Bolívia desde que o presidente Evo Morales deixou a presidência do país. Segundo a comissão, outras 715 pessoas ficaram feridas pelas forças de segurança.

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Só na última sexta-feira (15) foram 9 mortos e 122 feridos, de acordo com os dados da CIDH. Pelo menos 3 jornalistas foram agredidos durante o exercício de sua profissão naquele dia. As mortes são fruto da repressão das forças policiais e de militares das forças armadas às manifestações de defensores de Morales.

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A nota da comissão diz que “as forças de segurança da Bolívia devem se abster de agredir e facilitar o trabalho” dos profissionais que fazem a cobertura das manifestações. Ainda condena o “uso de força desproporcional da polícia” e “recorda ao Estado a sua obrigação de assegurar o direito à vida e integridade física para quem protesta pacificamente.”

“As armas de fogo devem ser excluídas dos dispositivos usados para controle de protestos sociais”, disse a CIDH. Quanto ao uso de gás lacrimogêneo, a comissão considerou que este dispositivo “atenta gravemente aos pilares jurídicos internacionais”.

Desabastecimento

A crise política e a onda de violência já provocam efeito no abastecimento de produtos básicos em algumas cidades bolivianas. Em La Paz, por exemplo, falta carne de frango e bovina. Também há escassez de ovos assim como verduras, leite e pão. Vários postos de combustível estão fechados na capital por falta de gasolina e óleo diesel, segundo divulgaram os jornais locais.

A chefe do governo interino, Jeanine Áñez, que se auto-proclamou presidente após a renúncia de Morales, de seu vice, e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, publicou um decreto que autoriza a participação das Forças Armadas na conservação da ordem pública e isenta-as de responsabilidades criminais os agentes envolvidos na repressão aos distúrbios. “O grave decreto desconecta os padrões internacionais de direitos humanos e estimula a violência. O alcance deste tipo de decreto contraria a obrigação dos Estados de investigar, processar, julgar e aplicar sanção às violações de direitos humanos”, contestou a CIDH.

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